Grupo de 26 brasileiros que estava em navio que naufragou segue de ônibus para Savona
Em Brasília
Um grupo de 26 brasileiros que estava no navio Costa Concórdia, que naufragou na noite desta sexta (13) na costa da Itália, já foi retirado da ilha de Giglio e está indo de ônibus para Savona, cidade do litoral italiano a cerca de 50 km de Gênova. Depois disso o grupo será levado a Milão, de onde as pessoas que quiserem poderão retornar direto para o Brasil.
No total, 3.200 passageiros estavam no navio. Já foram confirmados oito mortos e 40 feridos. Quase 70 pessoas estão desaparecidas. De acordo com a empresa responsável pelo cruzeiro, havia passageiros de inúmeras nacionalidades, incluindo italianos (989), alemães (569), franceses (462), espanhóis (177), americanos (129), croatas (127), russos (108), colombianos (10), chilenos (10), peruanos (8), venezuelanos (5), cubanos (2), equatorianos (2), mexicanos (2) e um uruguaio.
O Itamaraty ainda não tem informações oficiais sobre o número de brasileiros que estavam no navio, mas as estimativas vão de 25 a 60 pessoas. Até agora não há nenhuma informação sobre feridos no grupo.
A seção consular da embaixada em Roma mantém um plantão para atender os brasileiros que precisarem de ajuda, especialmente para repor documentos perdidos. Até agora, duas pessoas já procuraram a embaixada.
O Itamaraty informa, no entanto, que não há previsão de necessidade de ajuda com transporte e alojamento, já que a empresa Costa Cruzeiros, dona do navio naufragado, é a responsável pelos passageiros e está providenciando a ajuda necessária até agora.
Rota
O navio Costa Concordia realizava um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo quando se chocou aparentemente contra uma rocha perto da ilha de Giglio, no sul de Toscana, levando a bordo 4.231 pessoas, entre elas inúmeros estrangeiros. Os passageiros foram levados para terra firme. Muitos dos passageiros estavam jantando quando o navio encalhou e, tomados pelo pânico, alguns se jogaram na água gelada.
Luciano Castro, um dos passageiros do Costa Concordia, disse à imprensa italiana que por volta das 21h30 local "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".
Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar.
A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro. Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do 'Titanic'", com empurrões entre os evacuados, gritos e choros.
Também denunciou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.
Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferries garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes para a ilha de Giglio.
No total, 12 navios e nove helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.
O armador Costa Crociera, dono do barco, se declarou "consternado" e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a evacuação foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.
Segundo a empresa, o barco havia partido de Savona para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com escalas previstas em Civitavecchia, Palermo, Cagliari (Itália), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França). O Costa Concordia, de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.
Memória
O acidente desta madrugada trouxe à memória o desastre do Titanic, a mais emblemática tragédia marítima da história. Mais de 1.500 pessoas morreram no naufrágio que virou filme, o luxuoso transatlântico britânico que colidiu no dia 15 de abril de 1912 contra um iceberg em frente à ilha de Terra Nova, no Atlântico Norte.
O acidente mais grave da história da navegação comercial ocorreu em 20 de dezembro de 1987, no litoral da ilha filipina de Leyte, quando o choque entre a embarcação Doña Paz e um petroleiro causou a morte de ao menos 4.300. A maior catástrofe naval ocorrida na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial envolveu a embarcação Estonia, que afundou em 28 de setembro de 1994 no Mar Báltico provocando a morte de 852 pessoas. (Com AFP, EFE e Folha.com)