PCC é suspeito de matar ladrões de quartel do Exército
Um soldado do quartel, que confessou ter ajudado na invasão do paiol, está detido. Ele é primo de dois dos jovens executados no domingo à noite, no Jardim Anézia 2, em Porto Ferreira, cidade vizinha onde foi localizada toda munição. As vítimas P.R.B., de 21 anos, R.C.S., de 26, e M.C.S., de 21, foram mortas por um homem encapuzado e armado com espingarda calibre 12.
De acordo com investigações do Exército e da polícia, os jovens não têm relações com o PCC. Um quarto suspeito está detido. As munições foram furtadas sem comprador definido.
Reação
O PCC teria reagido contra a megaoperação que se montou nas buscas pela munição. Desde domingo, Pirassununga foi sitiada por 600 oficiais do Exército e cerca de 200 homens das Polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal.
Todas as entradas da cidade foram fechadas, os principais pontos de tráfico de drogas acabaram tomados, casas e carros foram alvo de blitze e um helicóptero foi usado para sobrevoo das áreas.
"Nossa presença ostensiva dificulta o tráfico de drogas e o crime em geral. A munição furtada, possivelmente, seria usada por bandidos, mas a ação imediata de abafa foi decisiva", disse o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante da 11.ª Brigada de Infantaria Leve. Entre domingo e anteontem, foram apreendidos quase 3 quilos de cocaína, 1,5 kg de maconha, e 500 gramas de crack.
"Havia preocupação do comando da polícia por causa dos ataques recentes no Estado. Nosso objetivo era impedir que essas munições saíssem da região", disse o comandante da Polícia Militar, capitão Carmo Augusto Vasques.
O Exército informou que a confirmação do envolvimento do soldado no crime foi decisiva para descoberta da munição, que foi abandonada em um canavial. Segundo Paiva, 30 cartuchos não foram recuperados porque teriam sido perdidos na estrada. Os quatro soldados que faziam guarda na madrugada do furto continuam sob investigação, mas, nesse momento, está descartada a participação deles.
Cidade sitiada
A pacata Pirassununga, com 70 mil habitantes, ficou isolada pelas forças de segurança nos últimos três dias. A dona de casa Maria do Socorro, de 54 anos, disse que se assustou quando saiu ao portão e viu soldados com fuzis. "Fiquei com medo, mas esse tipo de ação é sempre bem-vinda. Pena que o Exército não ajude sempre as polícias", disse.
Os bairros considerados problemáticos pela polícia para o tráfico de drogas e crimes foram ocupados por carros da polícia de toda região e por caminhões do Exército. O delegado Francisco Paulo, titular de Pirassununga e responsável pelas investigações, afirmou que durante a "operação abafa" não houve qualquer registro de ocorrência criminal.
O Exército encaminhou no domingo para Pirassununga equipes de Campinas, Lins, Pindamonhangaba, Itu e São Vicente. A maioria delas pertence a 11.ª Brigada de Infantaria Leve, que fica em Campinas. A tropa é especializada em intervenções de conflitos urbanos e acabou de voltar do Rio, onde ficou três meses no Complexo do Alemão, em missão de pacificação da área. O grupo também é o mesmo que atuou no Haiti.
"Esse é um dos bairros mais problemáticos de Pirassununga e, em dois dias, virou uma calmaria. É bom sair na rua e não ver gente vendendo drogas na frente do seu filho", disse o comerciante José Gonçalves Silva, de 43 anos, morador da Vila São Pedro, vizinha ao quartel de onde as munições foram furtadas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.