Alckmin diz que ordem é ir para cima de criminoso

Em São Paulo

  • Mario Ângelo/Estadão Conteúdo

    Policiais participam da formatura de 849 sargentos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, realizada em pátio da Polícia Militar

    Policiais participam da formatura de 849 sargentos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, realizada em pátio da Polícia Militar

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse na quinta-feira (25) que o Estado não vai ceder às tentativas de intimidação do crime organizado ao matar policiais e atribuiu as mortes de civis a brigas de quadrilhas e acerto de contas. "O governo não vai retroagir um milímetro. É ir pra cima de criminoso. Polícia nas ruas e criminoso na cadeia", afirmou.

Alckmin diz acreditar que os ataques contra policiais sejam causados pelo combate ao tráfico de drogas. "Isso impacta financeiramente o crime organizado, que é hoje muito baseado no tráfico, e leva à retaliação." Ele citou a queda histórica de homicídios, mas admitiu que há momentos de "maior tensão" e de "embate" com o crime.

Quando questionado se as mortes de civis após assassinatos de PMs podem ser vingança de integrantes da corporação, ele preferiu citar outras causas. "Você tem ‘n’ motivos, tem pessoas que aproveitam esses momentos para acertar contas, briga por tráfico... E o governo investiga. Tolerância zero."

Já o coronel Roberval Ferreira França, comandante-geral da PM, negou que a violência que já matou 86 PMs neste ano seja o motivo do crescimento dos assassinatos. "O principal aumento nos casos de homicídios ocorreu entre pessoas que não têm propensão ao crime, como homicidas passionais e aqueles que matam depois de brigar no trânsito ou dentro de casa", explicou. "Não é possível atribuir o aumento dos homicídios a um suposto embate entre policiais e facção", disse, contradizendo o próprio governador.

Vingança

Para especialistas, o governo deveria ter um discurso claro, voltado a coibir a vingança por parte dos policiais. "Precisamos de uma declaração que diga explicitamente que não é matando que a polícia vai conter essa onda", disse a coordenadora do Núcleo de Análise de Dados do Instituto Sou da Paz, Ligia Rechenberg. "O que vemos nos últimos meses é exatamente o contrário, são declarações alimentando essa onda de violência. Dando carta branca", afirmou.

Outra tendência criticada por quem trabalha com segurança pública é a de o Estado minimizar o poder de fogo do Primeiro Comando da Capital (PCC). Alckmin disse certa vez que "há muita lenda" sobre facções criminosas e o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, afirmou que o grupo se resume a "30, 40 pessoas". Segundo o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi, no caso das máfias italianas e ítalo-americanas, foi fundamental que o problema não fosse minimizado. "Quando o Estado reconhece que existe, pode combater de fato. A melhor tática do diabo sempre foi fingir que não existe."

Também consultor em segurança, o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva diz que a imprensa trata todos os crimes envolvendo policiais "como se fossem ataques diretos". "Sei de assaltos nos quais o policial estava no estabelecimento, reagiu e morreu, não havia relação entre eles. Houve até uma situação em que um traficante descobriu que a mulher o traía com um policial e o assassinou." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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