Projeto de reforma da Marina da Glória é criticado no RJ

Rio de Janeiro - Críticas unânimes de arquitetos e usuários da Marina da Glória, no Rio, marcaram debate na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) sobre o projeto do empresário Eike Batista para o local. O representante do Grupo EBX, Marco Adnet, admitiu a hipótese de revisão, mas condicionou isso à ampliação da área da marina.

O plano de Eike prevê redução das vagas secas para barcos e aumento do número de lojas e do estacionamento, além de um novo centro de convenções. O auditório do IAB ficou lotado nesta quinta-feira, 25, para a apresentação do arquiteto Luiz Eduardo Índio da Costa, autor do projeto de reforma. A obra, no Parque do Flamengo, tombado em 1965, ainda depende de aprovação final do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Uma das primeiras a perguntar foi Maria Rita Machado, filha do arquiteto Amaro Machado, responsável pelo projeto original da Marina: "Gostaria de saber por que o nome do arquiteto Amaro Machado não foi mencionado nesse projeto. Também gostaria de perguntar por que eu, herdeira legal dos direitos autorais desse processo, não fui consultada a respeito dessa modificação na Marina". Índio da Costa e Adnet pediram desculpas pela falta de menção a Amaro e de consulta à herdeira.

Usuários da Marina criticaram principalmente a falta de diálogo com a empresa e a redução das vagas secas para barcos. Hoje são 120, e o projeto prevê 50, apenas para embarcações de pequeno porte. O presidente da Associação de Usuários da Marina, Alexandre Antunes, afirmou que "não se trata de um projeto náutico, e sim imobiliário". "Estão extinguindo vagas para barcos em prol de um shopping e de um centro de convenções." Para a arquiteta Andréa Redondo, o projeto "é belíssimo, mas o desejo é erguer um complexo comercial, e nesse lugar isso não é possível". "A cidade vai perder uma grande oportunidade de ter a sua marina, e vamos ter mais um centro de convenções", disse o arquiteto Ronaldo Basílio.

Índio da Costa afirmou que o projeto não está acabado. "Estamos aqui para que seja melhorado. Não concordo, mas se o grupo considerar que não privilegia a parte náutica, pode ser corrigido." Questionado sobre o fato de o plano ser voltado para a transformação do local em polo comercial, ele respondeu: "É o contratante (EBX) quem diz qual é o programa. Eu sou contratado para realizá-lo". No começou de abril, Adnet disse que Eike pretende quadruplicar o faturamento da Marina e arrecadar até R$ 40 milhões por ano com a locação da área para eventos, além de cobrar pelo uso de novas lojas, vagas para barcos e do estacionamento, que seria ampliado de 200 para 600 vagas. Adnet condicionou o aumento do número de vagas para barcos à ampliação da área da Marina. "A gente estuda a possibilidade de ampliação da área aforada. Nessa hipótese, poderá ter mais espaço para vagas secas."

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