SP paga por 1,2 mil médicos que não existem
A zona leste da capital é a mais prejudicada. Na região há 571 plantões médicos abertos para as mais diversas especialidades, como pediatria, ginecologia e dermatologista. A demanda por clínicos gerais também é enorme nos bairros mais afastados, como Cidade Tiradentes, Guaianases e São Mateus. A zona norte é a segunda na lista de espera por profissionais, seguida pelas zonas sul, sudeste e centro-oeste.
Somente a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) precisa contratar quase 700 médicos - 41 deles para compor o número de funcionários da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Tito Lopes. Da lista de nove entidades que prestam serviço para a Prefeitura, a OS é a que registra o maior déficit. E também é a que recebe o maior repasse mensal: R$ 26 milhões.
Mas, apesar de o quadro de funcionários estar incompleto na maioria das unidades, os depósitos feitos mensalmente pela Secretaria Municipal da Saúde continuam cheios. Isso quer dizer que a ausência dos médicos não leva a descontos automáticos às organizações contratadas, apenas prejuízo aos cofres públicos.
De acordo com cálculos da pasta, cerca de metade das vagas para médicos abertas pelas OSs não está preenchida - índice semelhante ao registrado pelo conjunto de postos administrado pela própria secretaria.
Salário
Os números contrariam o principal argumento da Prefeitura ao manter parceiros na área da saúde - a agilidade na contratação de profissionais pelas instituições, que estão livres da obrigação de promover concursos públicos.
As dificuldades enfrentadas pelo setor ainda vão contra a tese de que salários altos seguram os médicos. Pagar até R$ 1,1 mil por um plantão de 12 horas - o dobro do pago pela Prefeitura - não tem surtido efeito em São Paulo.
O resultado está nas salas de espera das unidades comandadas pelas OSs. Há filas para atendimento de emergência, de especialidade ou mesmo hospitalar. O mesmo quadro encontrado por pacientes que buscam postos de saúde administrados de forma direta. "É tudo igual. Se não fosse pela placa na porta, a gente nem iria notar essa diferença aí (de gestão). Falta médico de todo jeito", diz a dona de casa Daniele de Souza, de 28 anos, usuária da AMA Perus, na zona norte da capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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