Carteiro e palhaço estão entre os presos no Rio
"Acabei desmaiando. Quando acordei, estava na escadaria da Câmara de Vereadores. Os PMs cercaram a gente e detiveram todos", contou o adolescente. Dos presos, 32 têm mais de 18 anos. Foram indiciados em flagrante pelo crime de formação de quadrilha. O advogado Luiz Peixoto, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirmou que os policiais militares não se identificaram para os ativistas nem explicaram o motivo das detenções. Peixoto prometeu registrar ocorrência de abuso de autoridade contra os policiais.
"Depois do protesto na Cinelândia, os ativistas se refugiaram na escadaria. Alguns porque não conseguiram voltar para casa, já que não havia nem metrô nem ônibus. Outros, porque a mídia alternativa estava lá e eles se sentiram seguros. Havia membros do movimento Ocupa Câmara e também pessoas que estavam ali apenas para se resguardar da violência no entorno", disse.
A produtora Rita Silveira, de 48 anos, criticou o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) por não apoiar os presos. Rita teve o filho Denis Silveira, de 20 anos, preso no protesto. "Na escola dele (zona oeste), os professores convocaram alunos e pais a participar do ato do Dia do Professor. Fomos às ruas pelos direitos dos professores. Agora, meu filho está preso. Cadê o Sepe? Eu me arrependo de ter lutado por essa causa", esbravejava.
Para a 22ª DP (Penha, zona norte), foram levados 49 manifestantes: 17 mulheres, 15 homens e 17 menores de idade. O engenheiro Mário Braziel, de 60, disse que o filho de 14 anos não participou dos atos de vandalismo. O garoto foi a protestos pela primeira vez, segundo o pai, que estuda processar o Estado por danos morais. "Nunca havia visto uma situação dessas. O indivíduo ser preso só porque estava sentado na escadaria da Câmara", reclamou.
Entre os presos, está o fotógrafo Ruy Barros, do jornal on-line Zona de Conflito. Na 37ª DP (Ilha do Governador), foi autuado em flagrante por incêndio criminoso, roubo, patrimônio público e formação de quadrilha ou bando.O universitário Ciro Brito Oiticica, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também foi preso e autuado por formação de quadrilha ou bando.
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