Para polícia, tiro foi dado na direção de dançarino morto
O tiro que atingiu e matou o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, de 26 anos, foi disparado de propósito em sua direção, concluiu a Polícia Civil. O delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª Delegacia de Polícia (DP), descartou ontem que o rapaz tenha sido atingido por bala perdida.
"Se você quer chegar à conclusão de que uma bala perdida atingiu Douglas, que estava passando lá atrás, é impossível. Tirar essa conclusão é viagem", disse o responsável pela investigação das mortes de DG e de Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos.
O corpo do dançarino foi encontrado na manhã de terça-feira no pátio de uma creche no morro Pavão-Pavãozinho (Copacabana, zona sul do Rio), junto a um muro com 10 metros de altura. Ele foi enterrado ontem à tarde. Após o sepultamento, protesto realizado por moradores da favela e black blocs causou tumulto nas ruas de Copacabana.
Já prestaram depoimento à Polícia Civil oito dos dez PMs que participaram de um suposto confronto com traficantes horas antes de o corpo de DG ter sido descoberto. Segundo Ribeiro, todos negaram ter atirado no dançarino.
Contudo, disseram que viram um vulto pulando o muro traseiro da creche. O delegado afirmou que não há contradições nos depoimentos dos PMs. As armas que utilizaram foram apreendidas e enviadas à perícia balística.
A princípio não é possível confirmar que DG foi torturado ou espancado, disse o delegado.
"Não podemos sustentar que houve tortura, mas vamos nos aprofundar. A priori, não há indicação de espancamento."
Também já foram interrogados um irmão de criação de Edilson Santos, um adolescente que o socorreu e PMs que o levaram ao Hospital Miguel Couto, onde já chegou morto.
Santos foi baleado na cabeça durante o protesto de moradores do Pavão-Pavãozinho, na noite de terça, que terminou em tiroteio e confusão na favela e no bairro.
Investigadores da Corregedoria da PM e da 13ª realizaram ontem perícia complementar na creche Lar de Pierina, onde DG morreu.
Moradores da favela Pavão-Pavãozinho relatam abusos e presença de milícia
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