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Sínodo católico sobre famílias debaterá temas polêmicos

03/10/2014 14h42

CIDADE DO VATICANO, 03 OUT (ANSA) - O secretário-geral do Sínodo da Família, cardeal Lorenzo Baldisseri, afirmou nesta sexta-feira (03) que o papa Francisco quer "abrir uma porta que até agora estava fechada" sobre temas controversos referentes às famílias. "O Papa falou muitas vezes sobre esses temas e quer também que o povo de Deus exprima suas opiniões. E isso é uma novidade.   

Perguntar para gente comum é algo jamais feito. Talvez isso ocorresse em nível local ou de diocese, mas em nível global, isso nunca aconteceu", disse o cardeal à ANSA durante coletiva.   

No domingo (05), Jorge Bergoglio celebrará uma missa para a abertura do Sínodo extraordinário com os bispos sobre a família.   

Essa é a primeira etapa de um caminho que prevê também um Sínodo extraordinário em 2015. Ambas as manifestações vem da vontade de Francisco de fazer com que a Igreja encontre novas vias pastorais para as famílias de hoje, também para aquelas consideradas "difíceis" e "irregulares". Ainda de acordo com Baldisseri, o Pontífice está "dando liberdade" aos cristãos para falar "destes problemas que são importantes". Para o cardeal, a vontade de abrir a Igreja é inequívoca.   

"Precisamos unir o ensino autêntico da doutrina com a realidade atual das famílias". Sobre o tema da comunhão de divorciados que se casaram novamente e sobre as intervenções dos "conservadores", que se opõe a qualquer inovação, o secretário-geral afirmou que "também vêm contribuições deles" e que "queremos caminhar para frente, caminhar para ter uma perspectiva global de várias posições e encontrar um ponto de convergência". No início do ano, a "base católica no mundo" foi consultada, através de questionário, sobre aspectos relacionados com o casamento católico tradicional, uniões gays e contracepção. "Se a gente fala de 'hospital de campo', que deve curar as pessoas feridas, a Igreja deve fazer", ressaltou o cardeal se referindo à fala de Bergoglio durante um encontro com lideranças de movimentos focolares.   

No dia 26 de setembro, o Pontífice disse que "doía" ver as "feridas dentro da Igreja" e reafirmou que "a Igreja é como um hospital de campo e a primeira coisa a se fazer é curar as feridas e não fazer a dosagem de colesterol".   

O cardeal ressaltou que "não é que antes a Igreja não fazia isso, mas agora é uma atitude nova e se faz as coisas de um jeito novo". Por isso, é preciso "refletir sobre temas referentes às famílias" e que isso seja feito "sob o sinal do amor".   

Durante os dias de Sínodo, que segue até 19 de outubro, 253 participantes terão uma "ampla liberdade de expressão" em "um clima de respeito para cada posição e com autêntico senso construtivo". Após as duas semanas, será criado um novo documento que será a base para o Sínodo de março de 2015.   

No último dia de evento, o Papa rezará uma missa em que beatificará o papa Paulo VI, que é considerado o "pai dos Sínodos dos Bispos". Hoje, Bergoglio aproveitou para postar em sua conta no Twitter que "as famílias felizes são essenciais para a Igreja e para a sociedade" e pediu que os fieis "rezem pelo Sínodo". O encontro já teve alguns trabalhos antecipados pelo líder católico. Ele instituiu uma comissão especial para a reforma do processo do matrimônio religioso e também pediu que seja debatida a admissão de divorciados nos sacramentos da Igreja.   

Além disso, também por empenho de Francisco, serão debatidas questões polêmicas para os católicos, como o matrimônio gay.   

(ANSA) http://www.papafrancesconewsapp.com/por/
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