Topo

(Análise) Novo governo uruguaio manterá avanços de Mujica

28/11/2014 20h03

Por Sarah Germano SÃO PAULO, 28 NOV (ANSA) - O Uruguai escolherá neste domingo (30) quem irá substituir José Mujica no poder. No entanto, a vitória de qualquer um dos candidatos à Presidência, o governista Tabaré Vázquez e o opositor Luiz Lacalle Pou, não deve representar uma mudança grande nos rumos do governo, de acordo com especialistas consultados pela ANSA.   

Vázquez, da coalizão Frente Ampla (FA), venceu o primeiro turno das eleições, mas não conseguiu votos suficientes para evitar um segundo turno. Mais moderado que Mujica, ele vetou legalização do aborto em seu governo e é contra regulamentação do uso de drogas, duas medidas defendias pelo sucessor. Lacalle Pou, do Partido Nacional, também conhecido como Blanco, cresceu muito nas pesquisas de intenção de voto ao longo da campanha eleitoral e chegou a ameaçar a reeleição do ex-mandatário.   

Os dois defendem, no entanto, que programas sociais estabelecidos durante o governo de Mujica devem ser mantidos. O opositor vai mais além e diz querer fazer mudanças nas áreas de segurança pública e educação - as que mais desagradam os uruguaios, como apontam pesquisas recentes.   

O coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI) da Unesp, Luis Fernando Ayerbe, explica que "os governos mais a esquerda da região conseguiram instituir ideia de certas reformas progressistas, como no caso da Argentina com a legalização do casamento gay e a regulamentação da maconha no Uruguai. Houve vários avanços que levaram a oposição a assumir uma série de posturas que normalmente não assumiriam", comentou. Os dois candidatos não apresentam muita diferença para a população. Prova disso é que as pesquisas apontam que houve uma transferência de votos do representante de outra grande força política dentro do país, o Partido Colorado, o filho do ex-ditador Juan Maria Bordaberry, Pedro Bordaberry, para Vázquez e não somente para Lacalle, cuja ideologia é mais próxima destes eleitores. Ainda segundo Ayerbe, existe um consenso no país que o segundo turno está muito morno. "Pouca controvérsia, poucos debates, está tranquilo".   

No campo econômico, uma vitória do candidato Blanco significaria uma guinada para um governo mais liberal, mas isso não significa muito para um país que tem uma relativa liberdade financeira e poucas restrições econômicas, por ser grande exportador produtos primários.   

Ayerbe relembra que, mesmo que quisesse realizar grandes mudanças, Lacalle provavelmente seria barrado no Congresso, onde não tem maioria.   

Vázquez, por sua vez, "é médico e tem suas convicções, mas não vai reverter questões colocadas por Mujica, vai propor algo como Lei de Meios na Argentina", que regulamentou as comunicações no país.   

Primeiro turno - Após uma campanha eleitoral onde a figura de Lacalle Pou se destacou, chegando a assustar os governistas, Vázquez foi melhor nas urnas e obteve 45,8% dos votos. O rival teve 31,5%. Pesquisas realizadas na última semana mostram uma vantagem de quase 10 pontos do ex-presidente. (ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.