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Presidente de Burkina Faso renuncia após 27 anos no poder

31/10/2014 12h30

Em meio a protestos contra a tentativa de se reeleger, Blaise Compaoré, presidente de Burkina Faso há 27 anos, renunciou, informou um porta-voz do Exército do país.

Compaoré emitiu comunicado dizendo que a Presidência está vaga e pedindo a realização de eleições nos próximos 90 dias. Mas o chefe das Forças Armadas, general Honoré Traoré, afirmou que vai assumir o controle do país.

Anteriormente, o presidente havia dito que deixaria o poder após 12 meses de um governo de transição.

Mas a oposição continuou pedindo sua renúncia, criticando a iniciativa prévia de mudar a Constituição para estender seu mandato.

Na quinta-feira, o país entrou em estado de emergência e teve o Parlamento dissolvido para tentar controlar os manifestantes, que puseram fogo à sede do Legislativo e a edifícios governamentais.

Uma multidão comemorou quando um porta-voz do Exército comunicou a decisão do presidente de renunciar, segundo a agência France Presse.

Protestos

Multidões enraivecidas haviam incendiado o Parlamento e outros prédios do governo, forçando parlamentares a abandonar uma votação que permitiria ao presidente buscar sua reeleição em 2015.

Militares atiraram contra manifestantes que haviam ocupado o Parlamento para dispersá-los.

Manifestantes se concentraram na principal praça da capital, exigindo que Campaoré renunciasse.

"O dia 30 de outubro é a 'Primavera Negra' de Burkina Faso", disse uma ativista da oposição, Emile Pargui, à agência France Presse.

Ao menos uma pessoa foi morta nos protestos, segundo o correspondente da BBC Yacouba Ouedraogo. No entanto, o principal líder da oposição, Zephirin Diabre, disse que dezenas de manifestantes foram mortos no país por forças de segurança.

Localizado no oeste da África, Burkina Faso se tornou independente da França em 1960. O país sofreu diversos golpes militares nos anos 1970 e 80 - um deles, em 1987, permitiu a ascensão ao poder de Compaoré.

Ele venceu as quatro eleições disputadas desde então, mas estaria impedido de participar das próximas eleições de acordo com as leis do país.

Uma emenda constitucional seria votada nesta quinta-feira para acabar com este limite, mas a sessão parlamentar foi suspensa devido aos protestos.