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Arqueólogo 'guardião' de Palmira teria sido morto pelo 'EI'

19/08/2015 18h30


O arqueólogo que cuidava das ruínas da cidade de Palmira, na Síria, durante 40 anos, teria sido morto por militantes do grupo extremista autodenominado "Estado Islâmico" (EI).

Khaled Al-Asaad foi mantido em cativeiro pelo grupo por cerca de um mês. O EI tomou conta de Palmira, considerada Patrimônio Mundial pela Unesco, em maio.

Nesta quarta-feira, a família do pesquisador de 81 anos disse ao diretor de antiguidades da Síria, Maamoun Abdul Karim, que Al-Asaad foi decapitado.

Karim afirmou que militantes do EI tentaram extrair informações de Asaad a respeito de onde alguns tesouros arqueológicos da região que estariam escondidos.

Ele disse ainda que o arqueólogo era "um dos mais importantes pioneiros da arqueologia síria no século 20".

O assassinato foi denunciado como "um ato horrendo" pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

"Eles o mataram porque ele não queria trair seu compromisso profundo com Palmira", disse a diretora geral da Unesco, Irina Bokova, em um comunicado.

"Seu trabalho viverá para muito além do alcance destes extremistas. Eles mataram um grande homem, mas nunca conseguirão silenciar a história", afirmou.

O EI demoliu diversos sítios arqueológicos no Iraque e há temores de que o grupo também destruirá Palmira, uma das joias arqueológicas do Oriente Médio.

'Estoques de ouro'

A agência de notícia estatal da Síria, Sana, e o Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado na Grã-Bretanha, afirmaram que Al-Asaad foi decapitado na terça-feira, diante de dezenas de pessoas, em uma praça conhecida como Tadmur, atrás do museu próximo às ruínas.

Fotos que aparentemente mostram o corpo de Asaad amarrado em algo que parece ser um poste de iluminação em uma das principais ruas da cidade têm sido compartilhadas na internet por apoiadores do EI. Sua cabeça decapitada teria sido colocada sob o corpo.

Uma placa pendurada em seu corpo o acusava de ser um apóstata - que renega hábitos religiosos - que se comunicava regularmente com o governo do presidente sírio Bashar Al-Assad.

A execução foi uma das muitas realizadas pelo EI dentro e nos arredores de Palmira desde a tomada da cidade em maio.

Asaad passou a maior parte de sua vida trabalhando para promover e proteger os sítios arqueológicos de Palmira.

Ele foi o responsável pelo local por quatro décadas, até 2003, quando se aposentou. Em seguida, trabalhou como especialista nas antiguidades encontradas na região em museus.

Maamoun Abdul Karim afirma que os jihadistas procuram "estoques de ouro" em Palmira, mas diz que "negou solenemente que tais estoques existam".

Desde que tomou o controle de Palmira, o EI descobriu a estátua de um leão que datava do século 2 e dois santuários islâmicos próximos, que o grupo chamou de "manifestações do politeísmo".

Em julho, o grupo também divulgou um vídeo mostrando cerca de 20 soldados do governo que haviam sido capturado sendo mortos a tiros diante do teatro de Palmira.

As forças do governo sírio tentaram expulsar o EI da região de Palmira nos últimos meses e houve confrontos em cidades próximas.