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O que está por trás da nova onda de violência em Jerusalém

Maioria dos feridos é palestina; confrontos ocorreram nos arredores do complexo da mesquita Al-Aqsa, local sagrado para o Islã - REUTERS
Maioria dos feridos é palestina; confrontos ocorreram nos arredores do complexo da mesquita Al-Aqsa, local sagrado para o Islã Imagem: REUTERS

09/05/2021 08h25

Maioria dos feridos é palestina; confrontos ocorreram nos arredores do complexo da mesquita Al-Aqsa, local sagrado para o Islã.

Quase 100 palestinos ficaram feridos no sábado (8/5), após uma segunda noite de confrontos com a polícia israelense em Jerusalém. De acordo com a ONG Crescente Vermelho, pelo menos 80 palestinos ficaram feridos e 14 foram levados ao hospital.

A esse número, somam-se os outros 200 feridos de sexta-feira (6/5).

Israel, por sua vez, informou que um soldado foi ferido no sábado e outros 17 na noite anterior.

Mas o que há por trás dessa nova onda de confrontos entre palestinos e Israel?

Os protestos explodiram na sexta-feira depois que um grupo de palestinos foi impedido de entrar no complexo da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, um dos locais mais reverenciados pelo islamismo, no dia mais sagrado para o Islã.

O complexo também é o local mais sagrado do judaísmo, conhecido como Monte do Templo, e é um foco frequente de confrontos entre israelenses e palestinos.

Mas especialistas observam que a espiral de violência deste fim de semana está entre as piores dos últimos anos.

Segundo a imprensa local, as tensões aumentaram devido às ameaças de novos despejos de palestinos de terras reivindicadas por colonos judeus.

Na noite de sábado (8/5), os manifestantes atiraram pedras contra a polícia e incendiaram o Portão de Damasco, na Cidade Velha, ao que policiais reagiram atirando granadas de gás lacrimogênio e usando canhões de água.

Em nota, negociadores do chamado Quarteto do Oriente Médio (também chamado de Quarteto de Madrid) - Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU - expressaram "profunda preocupação" com a nova espiral de violência.

O Crescente Vermelho abriu um hospital de campanha para cuidar dos feridos.

Fim do Ramadã

Os protestos estouraram na noite de sexta-feira depois que milhares de pessoas se reuniram nas proximidades da mesquita para observar a última sexta-feira do Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos.

A polícia israelense disse que usou a força para "restaurar a ordem" devido aos "distúrbios de milhares de fiéis" após as orações noturnas.

Um funcionário pediu calma nos alto-falantes da mesquita. "A polícia deve parar imediatamente de atirar granadas contra os fiéis, e os jovens devem se acalmar e ficar quietos!", disse ele, citado pela agência de notícias Reuters.

O serviço de emergência do Crescente Vermelho Palestino disse que 88 dos palestinos feridos foram levados ao hospital após serem atingidos por balas de borracha. A polícia disse que alguns dos seis policiais feridos precisaram de tratamento médico.

Tensões aumentadas

A comunidade internacional também se posicionou pela redução da violência, à medida que as tensões cresciam com a ameaça de despejo de famílias palestinas no distrito de Shaikh Jarrah, em Jerusalém Oriental.

Uma porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que Washington está "profundamente preocupado com o aumento das tensões".

O Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, o diplomata norueguês Tor Vennesland, exortou todas as partes a "respeitarem o status quo dos locais sagrados na Cidade Velha de Jerusalém para o bem da paz e da estabilidade".

A ONU disse que Israel deveria suspender quaisquer despejos e empregar "o máximo de contenção no uso da força" contra os manifestantes.

Nesta segunda-feira (10/5), a Suprema Corte israelense realizará uma audiência sobre as desapropriações.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e considera a cidade inteira como sua capital, embora isso não seja reconhecido pela grande maioria da comunidade internacional.

Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a futura capital de um estado independente.