Tiroteio em morro próximo ao sambódromo mata jovem de 14 anos
Rio de Janeiro, 20 fev (EFE).- Um adolescente de 14 anos morreu e quatro pessoas ficaram feridas na madrugada desta segunda-feira após um intenso tiroteio entre policiais e traficantes de uma comunidade próxima à Marquês de Sapucaí, onde milhares de pessoas acompanhavam o primeiro dia dos desfiles das escolas de samba do Rio.
Segundo a versão policial, o confronto ocorreu durante uma operação para deter um dos chefes do tráfico do Morro do São Carlos, situado no Estácio, Zona Norte do Rio de Janeiro. O morro onde o incidente foi registrado fica somente a cerca de dois quilômetros do sambódromo.
No momento do tiroteio, cerca de 500 moradores do Morro São Carlos acompanhava o desfile de um bloco carnavalesco (Boi Sem Chifre), o que irritou os moradores da região, que, posteriormente, protagonizaram uma violenta manifestação.
Além de arremessarem inúmeros objetos na base da Unidade de Polícia de Pacificadora (UPP), os manifestantes chegaram a atear fogo em uma viatura policial.
Entre os feridos estão Marcílio de Oliveira, de 24 anos e conhecido como Cheru, e Paulo Roberto Barros dos Santos, também de 24 e conhecido como Dorei. Segundo a polícia, ambos os jovens são responsáveis pelo tráfico no morro São Carlos.
Apesar de controversa, a operação foi iniciada depois que a polícia recebeu uma denúncia de que Cheru, que já era procurado, estava aproveitando o carnaval para se reunir com amigos em um bar da comunidade.
Ao chegarem ao local, os policiais foram recebidos a tiros pelos traficantes e, no confronto, um disparo atingiu o peito de um adolescente de 14 anos. O jovem, que morreu no local, também é acusado pela polícia de fazer parte do grupo de traficantes, uma versão que é negada pela família da vítima e pelos demais moradores.
O protesto dos moradores do morro São Carlos, que acusam a polícia terem disparado contra as pessoas que estavam no bloco, foi reprimido com gás lacrimogêneo.
O tiroteio no morro são Carlos ocorreu somente uma semana depois que 11 pessoas foram detidas nesta mesma comunidade, todas acusadas de integrar ou apoiar o grupo liderado por Cheru.
Entre os detidos, figura o capitão da UPP São Carlos, instalada no local há um ano para inibir a ação dos traficantes.