Oposição venezuelana critica silêncio sobre a saúde de Chávez


Caracas, 28 fev (EFE).- A oposição venezuelana manifestou nesta terça-feira sua rejeição ao silêncio oficial em torno da saúde do presidente Hugo Chávez, um tema que o candidato presidencial opositor, Henrique Capriles, deixou fora de sua campanha.

"Este silêncio é uma coisa completamente anômala, só comparável com o sucedido com a doença de Fidel Castro e com o que ocorria na União Soviética", porque "o segredo mais absoluto sobre a saúde dos chefes é um traço totalitário", disse à Agência Efe o ex-candidato presidencial Teodoro Petkoff.

Chávez, de 57 anos, viajou para Cuba na sexta-feira passada para operar uma nova "lesão" na mesma região onde extirpou um tumor canceroso em junho do ano passado.

Segundo o blog do jornalista Merval Pereira, que acompanhou a evolução da doença de Chávez, o presidente foi submetido na noite de segunda-feira a uma laparotomia exploradora "para determinar se há novos tumores além do que foi detectado" e também "se há condições de nova cirurgia".

O silêncio é parte de uma estratégia para "tirar partido, proveito político" da doença do presidente antes das eleições de 7 de outubro nas quais Chávez e Capriles disputarão o mandato presidencial de 2013 a 2019, acrescentou Petkoff, atual diretor do jornal "TalCual".

Por outro lado, o comando de campanha de Capriles que "cumpriu o dever democrático de exigir clareza e transparência" na informação, "atuou muito corretamente e não fez da doença de Chávez nenhum tema particular", continuou Petkoff.

Nesse sentido concordou o líder opositor e ex-governador do estado de Zulia, Oswaldo Álvarez Paz, que disse à Efe que "não se deve cair na tentação de transformar o tema em um elemento eleitoral".

Para Álvarez Paz, a carência de informação oficial "contribui para qualquer tipo de especulação e rumores", mas "o certo é que na Venezuela há um vazio de poder importante neste momento".

A esse respeito, opinou que o vice-presidente Elías Jaua deveria estar exercendo as funções presidenciais, o que foi rejeitado pelo Parlamento, que autorizou Chávez a ausentar-se do país sem delegar a ninguém o cargo, nem sequer provisoriamente.

Enquanto isso, o irmão do presidente e governador do estado de Barinas, Adán Chávez, pediu em artigo publicado hoje que a imprensa local mantenha a "lealdade" ao presidente e à Revolução Bolivariana.

O silêncio do governo sobre a situação do presidente levou os blogueiros a especular sobre a situação do governante e a fazer comentários, sempre sem oferecer fontes.

O jornalista venezuelano Nelson Bocaranda afirmou hoje em sua coluna de que um dos três oncologistas oferecidos a Chávez pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff havia viajado para Havana.

Sobre esta informação, Merval Pereira disse na segunda-feira que pelo menos um médico brasileiro participou da cirurgia exploradora que teria sido realizada ontem em Havana.

No último dia 22 de fevereiro, após saber da recaída de Chávez, Capriles, como "filho de Deus", desejou ao presidente uma "bem-sucedida operação, uma pronta recuperação e vida longa".

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