Militar denuncia negligência do governo sobre futuro das tropas na Crimeia


Kiev, 22 mar (EFE).- O segundo comandante do batalhão de Infantaria da Marinha de Kerch, na Crimeia, Alexei Nikiforov, denunciou neste sábado a negligência do governo, do Estado-Maior e da Marinha da Ucrânia na hora de tomar uma decisão sobre o futuro das tropas na península.

"Nem um representante do Estado-Maior visitou a unidade em todo este tempo. Nem um único representante do Comando da Marinha veio aqui desde o dia 1º de março", lamentou Nikiforov.

O oficial ucraniano, cuja unidade esteve bloqueada durante várias semanas pelas chamadas milícias de autodefesa da Crimeia, se queixou de não ter recebido nem uma ligação telefônica do ministro interino da Defesa, Igor Teniukh.

"Recebi vistas de representantes da Federação da Rússia todos os dias. Conheço melhor seus generais do que os meus familiares", comentou.

No entanto, o comandante-em-chefe da Marinha ucraniana, Sergei Gaiduk, assegurou pouco antes, em declarações a uma emissora de televisão ucraniana, que mantém contato permanente com os comandantes de todas as suas unidades na Crimeia.

"Tenho comunicação com todos os comandantes na Crimeia e passo para eles nossos objetivos concretos conforme se desenvolve a situação", disse Gaiduk, que detalhou que a Marinha ucraniana ainda cumpre com suas obrigações de vigilância e defesa das unidades e navios de guerra no território da península.

O contra-almirante ucraniano, capturado na quarta-feira passada pelas autoproclamadas autoridades da Crimeia e libertado no dia seguinte, garantiu, além disso, que a retirada das tropas ucranianas da Crimeia não está na ordem do dia.

Por sua vez, o ministro da Defesa responsabilizou a cúpula política da Ucrânia pela decisão sobre o futuro das tropas do país na península.

"A situação na Crimeia é extremamente tensa, e isso nós transmitimos diariamente às autoridades do Estado. Para resolver esta situação deve haver uma decisão da direção política" do país, disse ontem à noite Teniukh.

Entretanto, Nikiforov explicou que a maioria dos soldados de sua unidade, que ontem hasteou a bandeira russa, querem mudar de lado e servir na Marinha do país ao qual a Crimeia foi incorporada.

"Tenho 49 homens que querem ser enviados para a Ucrânia (a parte continental) e continuar servindo às Forças Armadas do país. Outros 20 querem sair e não pensam em continuar. O restante está assinando contratos para servir nas Forças Armadas da Rússia", afirmou Nikiforov ao ministro da Defesa ucraniano.

O presidente russo, Vladimir Putin, promulgou ontem a incorporação da República da Crimeia e o porto de Sebastopol à Rússia e deu por liquidado este processo apesar da enxurrada de críticas da comunidade internacional e dos protestos da Ucrânia, que consideram a união da península à Federação Russa uma anexação.

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