General de Mianmar rejeita reduzir poder político militar

Bangcoc, 27 mar (EFE).- O chefe das Forças Armadas birmanesas, general Min Aung Hlaing, rejeitou nesta terça-feira qualquer tentativa de reforma da atual Constituição com o objetivo de reduzir o poder político dos militares em resposta a um recente pedido público da líder do movimento democrático, Aung San Suu Kyi.

Em discurso transmitido pela TV estatal por causa do dia das Forças Armadas, o general Min Aung Hlaing disse que protegerá a atual Carta Magna e a incumbência dos soldados que servem aos interesses do país "participando do Parlamento".

O general pronunciou as palavras depois que em meados deste mês Suu Kyi defendesse publicamente emendas à Constituição, que reserva para os chefes e oficiais das Forças Armadas 110 cadeiras das 440 que compõem o Parlamento (Câmara Baixa).

A Constituição aprovada por meio de referendo convocado em 2008 pela junta militar de então, estabelece que 56 das 224 cadeiras do Senado sejam ocupadas por membros do estamento militar designados pelo chefe das Forças Armadas.

Suu Kyi, em discurso divulgado pela televisão como parte do espaço concedido ao seu partido, a Liga Nacional pela Democracia, para fazer campanha eleitoral, apontou que "todos sabemos que a atual Constituição não está em linha com os princípios democráticos".

No início de março, Suu Kyi declarou à imprensa local que era cedo para garantir que é irreversível o processo de reformas políticas no qual está imersa Mianmar (Mianmar), já que o estamento militar é o que ainda tem maior poder.

Durante a cerimônia militar realizada em Naypyidaw e que incluiu o desfile de 10 mil soldados, o general Min Aung Hlaing destacou o papel do anterior chefe da junta militar, general Than Shwe, para "modernizar as Forças Armadas".

Igualmente, o atual chefe militar classificou de elogiáveis "os esforços" de Ne Win, o general que governou o país com mão firme durante mais de três décadas após assumir o poder mediante o golpe de estado perpetrado em 1962.

A cerimônia militar irá se estender pelos cinco dias prévios as eleições legislativas parciais de 1º de abril, as quais além da Liga Nacional pela Democracia (LND) que comanda Suu Kyi concorrem outros 16 partidos.

Este processo eleitoral está destinado a completar as cadeiras que estão vagas no Legislativo eleito no pleito de novembro de 2010 e que o partido da nobel da paz boicotou por considerar que a lei eleitoral de então era antidemocrática.

Agora, os partidos em disputa concorrerão a 46 das 440 cadeiras do Legislativo, concretamente 40 vagas da Câmara Baixa, seis da Câmara Alta e outros dois pertencentes a assembléias legislativas regionais.

A formação de Suu Kyi e o Partido para o Desenvolvimento e a Solidariedade da União, que lidera o presidente birmanês, Thein Sein, são os únicos que apresentarão candidatos a todas as cadeiras.

A reunião nas urnas colocará a prova a popularidade de Suu Kyi e de seu partido pela primeira vez desde vencer as eleições de 1990 e cujos resultados nunca foram acatados pelo regime militar que em maio do ano passado cedeu o poder aos ex-generais afins ao partido governante.

Suu Kyi foi libertada uma semana depois do pleito de 2010, após expirar a prisão domiciliar que cumpria e que somado a outras penas anteriores supuseram à ativista 15 anos de vida em cativeiro.

Mianmar está imersa em processo de reformas, que incluíram a libertação de centenas de presos políticos, acordos de cessar-fogo com organizações étnicas armadas, a legalização de sindicatos e o reconhecimento do direito de manifestação.

O Governo também suavizou a censura e abriu diálogo com Suu Kyi.

As reformas feitas pelo Governo de Thein Sein foram aplaudidas pela comunidade internacional e fizeram várias nações ocidentais afrouxar as sanções impostas ao país asiático em resposta à violação dos direitos humanos cometidas sob o regime anterior.

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