Fotografias mostram as lesões sofridas por Timoshenko em prisão ucraniana
Kiev, 27 abr (EFE).- A imprensa ucraniana publicou nesta sexta-feira fotografias nas quais é possível ver os hematomas no corpo da líder opositora, Yulia Timoshenko, supostamente causado por agentes penitenciários onde cumpre pena de sete anos de prisão pela condenação por abuso de poder.
Em duas dessas imagens, feitas na quarta-feira, a ex-primeira-ministra apresenta hematomas e arranhões na altura do estômago, onde garante que recebeu um "forte soco" dos funcionários que a transferiram à força para uma clínica médica.
Outras imagens exibem lesões em um dos braços e no cotovelo, que supostamente aconteceram na última sexta-feira quando três homens a tiraram da prisão da cidade oriental de Kharkov para levá-la a um hospital para receber tratamento para hérnia de disco que sofre.
A defensora do povo ucraniano, Nina Karpachova, distribuiu as imagens entre os embaixadores da União Europeia (UE), e criticou o tratamento dado pelo Governo local à carismática opositora.
Os especialistas em medicina legal afirmam que Timoshenko não pode ter sofrido as lesões há uma semana e que as fotos não podem ser utilizadas como prova judicial.
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, disse ontem que ordenou à Procuradoria-Geral investigar os supostos maus-tratos a Timoshenko.
Contudo, a Procuradoria de Kharkov declarou nesta mesma que não existem provas de que a ex-primeira-ministra tenha sido agredida.
"A pessoa se vestiu, se deitou na cama e disse: 'Não vou a lugar algum'. Pelo Código Penal, os membros do serviço penitenciário têm direito de usar da força: eles a pegaram pelos braços, a colocaram no carro e a conduziram ao hospital", detalhou Victor Pshonka, procurador de Kharkov.
Karpachova, quem visitou nesta semana Timoshenko acompanhada de especialistas, exigiu das autoridades que comecem processo penal por esse incidente e que demitam os responsáveis.
Um dia depois da UE exigir de Kiev uma investigação sobre as supostas torturas, a Alemanha solicitou nesta sexta à Ucrânia que atue com urgência diante do delicado estado de saúde de Timoshenko.
Nesta quinta-feira, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, decidiu suspender uma visita a Yalta (península ucraniana da Criméia) pelo tratamento que recebe na prisão Timoshenko, decisão que foi tomada de acordo com a chanceler federal, Angela Merkel.
Em protesto por esses fatos e a perseguição da oposição por parte do presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, a ex-primeira-ministra se declarou em greve de fome.
Devido aos problemas de coluna, a opositora não pôde assistir na semana passada ao começo do segundo julgamento contra si por desvio de recursos e evasão de impostos.
Conforme as autoridades, Timoshenko poderia ser condenada a até 12 anos de prisão em caso de ser declarada culpada pelo desvio e evasão fiscal.