O islamita Mohammed Mursi, primeiro presidente civil do Egito em 60 anos
Enrique Rubio.
Cairo, 24 jun (EFE).- O islamita Mohammed Mursi, de 60 anos, será o primeiro presidente civil do Egito em seis décadas, depois que a Comissão Eleitoral encerrou neste domingo uma semana de rumores e especulações ao proclamá-lo vencedor da corrida pelo cargo.
Num dos momentos mais emblemáticos da Primavera Árabe que sacudiu o país do Nilo há 17 meses, Mursi venceu as eleições com 51,73% dos votos após derrotar o general reformado e último primeiro-ministro de Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq.
A euforia por sua vitória tomou rapidamente a praça Tahrir, repleta de seguidores de Mursi, que celebraram o feito como se fosse uma reedição da "Revolução de 25 de Janeiro", que pôs fim ao regime de Mubarak.
Além deles, muitos egípcios respiraram aliviados, mais do que eufóricos, diante da derrota de Shafiq, percebido por boa parte da população como um representante do antigo regime.
Shafiq, apesar de tudo, contou com o apoio de quase metade dos eleitores, o que demonstra a difícil tarefa que Mursi terá para fechar feridas e espantar o fantasma de um estado islâmico.
Logo após o presidente da Comissão Eleitoral, Farouk Sultán, informar que Shafiq conseguiu 12.347.380 votos, a sala de imprensa onde foi feito o anúncio do resultado explodiu em gritos, ao constatar que o ex-militar não tinha chegado aos 13 milhões que se consideravam necessários para a vitória.
Com dificuldade e após um discurso de mais de meia hora, Sultán conseguiu terminar sua intervenção, na qual defendeu a neutralidade da comissão e criticou quem afirmava que o resultado demorou muito para ser revelado.
O anúncio estava previsto para ocorrer na quinta-feira, mas o atraso de mais de três dias gerou todos os tipos de especulações, instigadas por muitos meios de comunicação egípcios, que chegaram a falar que a Irmandade Muçulmana preparava "o massacre do século".
Após 84 anos de existência, a Irmandade, perseguida e ilegal durante grande parte de sua história, chegou ao poder do Egito.
Pouco após o anúncio oficial de sua vitória, Mursi honrou seu compromisso e abandonou sua filiação à Irmandade e ao Partido Liberdade e Justiça (PLJ), que ele mesmo liderava.
Apesar disso, o pouco carismático Mursi é muito consciente de que sua presidência nasce vazia de um bom número de prerrogativas executivas, retiradas pela Junta Militar em uma rápida manobra logo após o fechamento das zonas eleitorais em 17 de junho.
Por essa razão, a Irmandade Muçulmana disse na sexta-feira que manterá na praça Tahrir o protesto iniciado na terça-feira passada contra as emendas constitucionais aprovadas pelos generais e contra a dissolução do Parlamento (onde também têm maioria) ordenada pelo Tribunal Constitucional em 14 de junho.
Mursi já lançou seu primeiro desafio à cúpula militar ao anunciar que só jurará seu cargo perante o Parlamento, e não diante do Tribunal Constitucional, como estipula a constituição provisória em caso de dissolução do Legislativo.
Enquanto isso, em Tahrir era momento para a alegria, mas também para a insistência das reivindicações populares.
"Estamos muito felizes, mas seguiremos exigindo, porque até agora conseguimos nossa liberdade graças à força do povo", disse à Agência Efe Mohammed Abu Leila, um dos manifestantes da Tahrir.
O canto mais entoado na praça foi "Uma só mão", slogan da revolução contra Mubarak e que foi recuperado agora pelos manifestantes, embora a única mão que se via era basicamente a islâmica.
Outro partidário de Mursi, Badaui Saui, professor da tradicional instituição islâmica de Al-Azhar, disse que o triunfo de Mursi equivale à vitória da revolução, e que se isto não fosse confirmado o Egito seria motivo de piada para todo o mundo.
Significativamente, a primeira felicitação pública para o presidente eleito veio do chefe da Junta Militar, o marechal Hussein Tantawi, num claro aval à legitimidade dos resultados.
Após ele, os principais representantes da religião, política e sociedade egípcia congratularam o futuro chefe do Estado, como o grande mufti, máxima autoridade muçulmana do Egito, Ali Gomaa, e o bispo Bajomios, que dirige de forma interina a Igreja Copta.
Também parabenizaram Mursi alguns dos candidatos presidenciais derrotados no primeiro turno, como o islamita moderado Abde Moneim Abul Futuh e o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa.
Além disso, o reconhecimento internacional das eleições chegou de governos ocidentais como Estados Unidos, França, Reino Unido e Itália.
Cairo, 24 jun (EFE).- O islamita Mohammed Mursi, de 60 anos, será o primeiro presidente civil do Egito em seis décadas, depois que a Comissão Eleitoral encerrou neste domingo uma semana de rumores e especulações ao proclamá-lo vencedor da corrida pelo cargo.
Num dos momentos mais emblemáticos da Primavera Árabe que sacudiu o país do Nilo há 17 meses, Mursi venceu as eleições com 51,73% dos votos após derrotar o general reformado e último primeiro-ministro de Hosni Mubarak, Ahmed Shafiq.
A euforia por sua vitória tomou rapidamente a praça Tahrir, repleta de seguidores de Mursi, que celebraram o feito como se fosse uma reedição da "Revolução de 25 de Janeiro", que pôs fim ao regime de Mubarak.
Além deles, muitos egípcios respiraram aliviados, mais do que eufóricos, diante da derrota de Shafiq, percebido por boa parte da população como um representante do antigo regime.
Shafiq, apesar de tudo, contou com o apoio de quase metade dos eleitores, o que demonstra a difícil tarefa que Mursi terá para fechar feridas e espantar o fantasma de um estado islâmico.
Logo após o presidente da Comissão Eleitoral, Farouk Sultán, informar que Shafiq conseguiu 12.347.380 votos, a sala de imprensa onde foi feito o anúncio do resultado explodiu em gritos, ao constatar que o ex-militar não tinha chegado aos 13 milhões que se consideravam necessários para a vitória.
Com dificuldade e após um discurso de mais de meia hora, Sultán conseguiu terminar sua intervenção, na qual defendeu a neutralidade da comissão e criticou quem afirmava que o resultado demorou muito para ser revelado.
O anúncio estava previsto para ocorrer na quinta-feira, mas o atraso de mais de três dias gerou todos os tipos de especulações, instigadas por muitos meios de comunicação egípcios, que chegaram a falar que a Irmandade Muçulmana preparava "o massacre do século".
Após 84 anos de existência, a Irmandade, perseguida e ilegal durante grande parte de sua história, chegou ao poder do Egito.
Pouco após o anúncio oficial de sua vitória, Mursi honrou seu compromisso e abandonou sua filiação à Irmandade e ao Partido Liberdade e Justiça (PLJ), que ele mesmo liderava.
Apesar disso, o pouco carismático Mursi é muito consciente de que sua presidência nasce vazia de um bom número de prerrogativas executivas, retiradas pela Junta Militar em uma rápida manobra logo após o fechamento das zonas eleitorais em 17 de junho.
Por essa razão, a Irmandade Muçulmana disse na sexta-feira que manterá na praça Tahrir o protesto iniciado na terça-feira passada contra as emendas constitucionais aprovadas pelos generais e contra a dissolução do Parlamento (onde também têm maioria) ordenada pelo Tribunal Constitucional em 14 de junho.
Mursi já lançou seu primeiro desafio à cúpula militar ao anunciar que só jurará seu cargo perante o Parlamento, e não diante do Tribunal Constitucional, como estipula a constituição provisória em caso de dissolução do Legislativo.
Enquanto isso, em Tahrir era momento para a alegria, mas também para a insistência das reivindicações populares.
"Estamos muito felizes, mas seguiremos exigindo, porque até agora conseguimos nossa liberdade graças à força do povo", disse à Agência Efe Mohammed Abu Leila, um dos manifestantes da Tahrir.
O canto mais entoado na praça foi "Uma só mão", slogan da revolução contra Mubarak e que foi recuperado agora pelos manifestantes, embora a única mão que se via era basicamente a islâmica.
Outro partidário de Mursi, Badaui Saui, professor da tradicional instituição islâmica de Al-Azhar, disse que o triunfo de Mursi equivale à vitória da revolução, e que se isto não fosse confirmado o Egito seria motivo de piada para todo o mundo.
Significativamente, a primeira felicitação pública para o presidente eleito veio do chefe da Junta Militar, o marechal Hussein Tantawi, num claro aval à legitimidade dos resultados.
Após ele, os principais representantes da religião, política e sociedade egípcia congratularam o futuro chefe do Estado, como o grande mufti, máxima autoridade muçulmana do Egito, Ali Gomaa, e o bispo Bajomios, que dirige de forma interina a Igreja Copta.
Também parabenizaram Mursi alguns dos candidatos presidenciais derrotados no primeiro turno, como o islamita moderado Abde Moneim Abul Futuh e o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa.
Além disso, o reconhecimento internacional das eleições chegou de governos ocidentais como Estados Unidos, França, Reino Unido e Itália.