Democrata-cristãos tentam negociar permanência no governo português

Em Washington

Lisboa, 3 jul (EFE).- Os democrata-cristãos portugueses anunciaram nesta quarta-feira que negociarão sua permanência no Executivo do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e tentarão resolver a crise iniciada com a renúncia de seu líder como ministro das Relações Exteriores.

O dirigente Luís Queiró informou que os dois ministros que ainda estão no Executivo não renunciarão e que seu presidente Paulo Portas, que acaba de pedir demissão da pasta de Exteriores, se reunirá "em breve" com Passos Coelho para encontrar "uma solução confiável para o governo" do país.

Portas, em desacordo com a nomeação de uma nova ministra de Finanças, apresentou ontem sua renúncia, "irrevogável", mas que não foi aceita por Passos Coelho, e pôs em risco a maioria parlamentar da aliança conservadora de governo.

Queiró, que foi o porta-voz da informação, advertiu em uma breve declaração ao país que, para manter viva a coalizão conservadora, será "essencial" que Passos Coelho assegure ao Centro Democrático Social Partido Popular (CDS-PP) que a voz do partido será escutada no seio do governo.

"Devemos confirmar que teremos uma contribuição efetiva na definição das políticas da maioria", disse.

Os dois ministros que pertencem ao partido colocaram seu cargo à disposição, explicou, mas a Comissão Executiva Nacional decidiu que não fossem apresentadas as renúncias.

"Achamos importante que Assunção Cristas - titular de Agricultura - e Pedro Mota Soares - responsável pelo Ministério de Solidariedade e Seguridade Social - continuem desempenhando suas funções para não dificultar a superação desta crise política", argumentou Queiró.

Após uma reunião que se prolongou durante cerca de três horas, os dirigentes do CDS-PP (o grupo mais à direita do parlamento) optaram por aceitar o convite do primeiro-ministro ontem, buscando recuperar o consenso no seio da aliança de governo.

"Em uma democracia madura, um governo de coalizão com uma forte maioria de deputados não pode ser posto em questão, mas é por divergências de enorme gravidade", ressaltou Passo Coelho para justificar sua decisão de não aceitar a demissão de Portas.

A crise de governo que teve início ontem é a mais grave desde a vitória conservadora nas eleições de 2011 e voltou a colocar Portugal na mira dos mercados, que penalizaram hoje sua dívida soberana com uma forte alta de juros e afundaram a cotação da bolsa de Lisboa.

A oposição de esquerda reivindicou a convocação de pleito antecipado e o Partido Socialista deu hoje mais um passo, propondo a data de 29 de setembro, que coincide com as eleições municipais.

O secretário-geral dos socialistas, António José Seguro, defendeu a necessidade de chamar os cidadãos às urnas porque, em sua opinião, o país precisa de "um governo forte", sem as diferenças exibidas pela atual coalizão conservadora.

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, não se pronunciou por enquanto sobre a crise, embora, depois de reunir-se hoje com Seguro, tenha convocado o primeiro-ministro e os demais partidos para uma reunião amanhã.

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