Irã promove encontro de países e organizações para tratar conflito na Síria

Teerã, 9 ago (EFE).- Cerca de 30 representantes de várias organizações e países, entre elas a ONU, Rússia, China, Índia e algumas nações da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), trataram nesta quinta-feira em Teerã a situação do conflito na Síria.

Esta reunião pretende ser uma alternativa às realizadas pelo grupo Amigos da Síria, convocadas anteriormente pelos Estados Unidos e seus aliados, que respaldam a oposição, e por isso alguns altos representantes do Irã, o principal aliado do regime de Damasco no Oriente Médio, se denominaram como Os Verdadeiros Amigos da Síria.

No encontro, para o qual o governo do Irã convidou países que considera "realistas" em relação à situação da Síria, o ministro de Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, insistiu em um diálogo nacional sem ingerências para resolver o conflito.

Para Salehi, o conflito da Síria pode ser resolvido por meio de "reformas políticas" e "atendendo às reivindicações do povo", para acabar com o derramamento de sangue e especialmente "o massacre de civis por ambas partes".

O responsável da diplomacia iraniana ressaltou que "são necessárias conversas sérias e globais entre a oposição e o governo sírio, em um ambiente de tranquilidade e estabilidade para regular o conflito".

O Irã, que se mostrou disposto a abrigar negociações entre a oposição não-armada e o regime de Assad, mantém seu apoio ao plano de paz do mediador para a Síria da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, lembrou Salehi, acrescentando que as sanções internacionais a Damasco não resolverão a situação.

Em alusão aos EUA e seus aliados, especialmente Turquia, Catar e Arábia Saudita, todos ausentes deste encontro, Salehi disse que "armar os grupos rebeldes e preparar o terreno para a presença de grupos extremistas e terroristas, como a Al Qaeda, não ajudará a resolver o conflito, mas irá agravá-lo".

Por sua parte, a representante da ONU em Teerã, Consuelo Vidal, que participou da reunião em nome do secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, pediu em primeiro lugar às partes beligerantes que se comprometam com a proteção das vidas dos civis.

Também reivindicou uma "transição rápida" na Síria, de acordo com o aprovado pela Assembleia Geral da ONU, e insistiu que o governo e a oposição tomem medidas práticas para acabar com o sofrimento do povo "pois as ações militares só agravam a situação".

Uma fonte latino-americana disse à Agência Efe que existe entre os reunidos uma "grave preocupação pela influência que o conflito da Síria possa ter na situação mundial", especialmente "pelo assentamento de grupos terroristas nesse país aproveitando a situação de instabilidade e caos".

Os ministros de Exteriores de Irã, Paquistão, Zimbábue e Iraque, assim como nove vice-ministros e 15 embaixadores e representantes diplomáticos, junto com a representante das ONU, participaram do encontro.

Dos países da Alba, fontes diplomáticas latino-americanas confirmaram a presença da Venezuela, representada por seu vice-chanceler para a Europa, Temir Porras, além de representantes diplomáticos de Cuba, Nicarágua e Equador, detalhou à Efe uma fonte da delegação venezuelana.

Os maiores países latino-americanos com representação diplomática em Teerã, como Brasil, México e Argentina, não estiveram no encontro, do qual também não participaram representantes da União Europeia (UE).

Embora a Liga Árabe tenha recusado o convite de Teerã para comparecer ao encontro, sete de seus membros estiveram na reunião.

Também participaram representantes da Rússia e um bom número de antigas repúblicas soviéticas, sobretudo as muçulmanas da região da Ásia Central.

Igualmente atenderam à convocação representantes de China e Índia, além de alguns outros países africanos e asiáticos vizinhos do Irã, como Paquistão e Afeganistão.

Até agora, Rússia e China, que respaldam o regime de Damasco, utilizaram seu veto para impedir condenações no Conselho de Segurança da ONU ao governo do presidente Bashar al Assad, promovidas pelos EUA e seus aliados, que apoiam a oposição.

Na reunião não esteve presente Kofi Annan, ainda mediador da ONU e da Liga Árabe para a paz na Síria, cargo que deixará no final deste mês após ter renunciado por considerar impossível a conclusão de seu trabalho.

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