Chineses temem voltar para casa após terremoto matar ao menos 80
Em meio ao mau tempo, a China intensificou, neste sábado (8), os trabalhos de resgate após um terremoto de magnitude 5,7, seguido de pelo menos 16 réplicas, sacudir o país na sexta-feira (7), deixando um saldo de pelo menos 80 mortos e 820 feridos.
Entre as vítimas do terremoto estão pelo menos três crianças, que assistiam aula em Yiliang, na província de Yunnan, quando a escola desabou.
Segundo Zhou Guangfu, subdiretor do Departamento de Educação do condado de Yiliang, - o mais afetado pelo terremoto -, os estudantes eram de um colégio primário da aldeia de Jiaokui. Ainda segundo a agência de notícias "Xinhua", outros oito estudantes ficaram presos entre os escombros e os professores e aldeães só conseguiram resgatar cinco deles, acrescentou Zhou.
Pânico e destruição
Imagens divulgadas pela TV estatal chinesa mostraram centenas de moradores nas ruas, com medo de voltar para casa.
"Estava andando na rua quando de repente senti a terra tremer sob os meus pés. As pessoas começaram a sair para a rua gritando. Quando penso ainda sinto calafrios", contou um habitante no microblog Sina Weibo, o equivalente chinês do Twitter.
Um outro internauta escreveu que quase não conseguiu controlar o seu carro no momento do tremor.
As réplicas do terremoto causaram pânico em várias cidades chinesas, fazendo com que moradores abandonassem suas casas e escritórios às pressas. Todos os sismos tiveram uma profundidade de 14 quilômetros.
Segundo a agência oficial de notícias "Xinhua", 6.650 imóveis desabaram e 430 mil foram danificados pelo tremor. As equipes de resgate transferiram para o local dos sismos milhares de tendas de campanha, cobertores e abrigos para os afetados.
Pedras e chuvas dificultam acesso
A televisão estatal chinesa CFTV informou neste sábado (8) que foi aberta uma estrada de acesso a uma das áreas mais afetadas, dedicada à mineração e à agricultura. A região tinha sido fechada por uma avalanche de rochas após o terremoto nesta região de montanha.
Porém, o Centro Nacional Meteorológico, citado pela "Xinhua", indicou que os trabalhos de resgate podem ser prejudicados por chuvas contínuas ao longo dos próximos três dias na área, que pode sofrer "desastres geológicos provocados pela precipitação".
Mais de 100 mil pessoas foram evacuadas, enquanto outras 100 mil precisam de novo alojamento depois que o terremoto destruiu 6.650 casas e danificou outras 430 mil na província, segundo os dados divulgados pela "Xinhua".
Em Guizhou, duas pessoas ficaram feridas e mais de 10 mil casas ficaram danificadas pelos tremores de terra.
Premiê pede mais empenho
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que chegou à região afetada neste sábado (8), pediu que se multipliquem os esforços na busca por sobreviventes, após lembrar que as primeiras 72 horas são vitais nos trabalhos de resgate após um terremoto.
Wen, que está na zona montanhosa de Yiliang para dirigir os trabalhos de resgate e visitar os afetados, solicitou que as equipes de assistência cheguem a todas as aldeias atingidas ao longo do dia.
O presidente do país, Hu Jintao, que está em Vladivostok, na Rússia --onde participa da Cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec)-- pediu o lançamento de esforços imediatos para auxiliar nos trabalhos de assistência aos afetados.
Perdas e danos
As perdas econômicas, segundo o Departamento de Serviços Sociais de Yunnan, já atingem os 3,5 bilhões de iuanes (pouco mais de R$ 1 bilhão).
Em Guizhou, por enquanto, só foram informados danos materiais, mas nenhuma vítima mortal. As autoridades, no entanto, estimam que o número de afetados em ambas províncias já chega a 700 mil.
Área de tremor
O oeste da China é uma zona com frequente atividade sísmica. Em 2010, um tremor de 7,1 graus na província de Qinghai causou 300 mortes e deixou mais de oito mil feridos.
Foi nesta mesma região, mas na província de Sichuan, onde em 2008 ocorreu o terremoto mais grave em mais de três décadas na China, com 88 mil mortos e desaparecidos.
Na época, boa parte do número de mortos foi atribuída à pouca qualidade das construções, inclusive de escolas públicas.
O epicentro do tremor, que destruiu milhares de casa, foi localizado na fronteira das províncias de Yunnan e Guizhou, de acordo com a Agência Sismológica da China, às 11h locais (3h de Brasília).
A quantidade de réplicas do tremor é alvo de contradição de informações. Inicialmente, as agências falavam em três réplicas, de magnitudes 5,6, 3,2 e 4,4, baseadas no Centro de Controle de Terremotos de China; mas, segundo a agência Efe, foram 16 réplicas até o momento.