França cogita manter embaixadas fechadas por causa de caricaturas de Maomé

Em Paris

  • Thomas Coex/AFP

    Capa da revista francesa "Charlie Hebdo", que traz cartuns satirizando Maomé

    Capa da revista francesa "Charlie Hebdo", que traz cartuns satirizando Maomé

O governo francês estuda manter fechadas delegações diplomáticas e outros centros educativos e culturais nos países muçulmanos em prevenção de ataques por causa das caricaturas de Maomé publicadas em uma revista satírica, defendidas por uma questão de princípio em nome da liberdade de expressão.

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O Ministerio das Relações Exteriores assinalou nesta quinta-feira que uma vez passado o dia de amanhã, dia de oração no mundo muçulmano, ao qual a princípio se tinha que limitar o fechamento, "o esquema de segurança será adaptado em função das circunstâncias".

Embora tenha dito não ter notícias de ameaças contra os interesses franceses no exterior por causa desta questão, uma porta-voz do Ministério se mostrou à Efe muito cautelosa e, por exemplo, justificou a não divulgação do nome dos países envolvidos nem dos fechamentos de embaixadas ou escolas que já haviam sido realizados desde ontem por razões de segurança e para não incomodar outros Governos.

Os responsáveis franceses não quiseram modificar a dupla mensagem que as caricaturas são inatacáveis pela liberdade de expressão, mas que é preciso mostrar "responsabilidade" no contexto atual de tensão suscitada pelo polêmico vídeo "A Inocência dos Muçulmanos".

O ministro de Assuntos Europeus, Bernard Cazeneuve, insistiu no caráter "sagrado" dessa liberdade de expressão, mas acrescentou que "quando se é livre, é preciso medir o alcance das palavras" e lembrou o "clima de extrema tensão" internacional.

Essa e outras reflexões estiveram no centro da polêmica gerada na França sobre a pertinência que a "Charlie Hebdo" tenha tornado sua a atualidade dos violentos protestos dos quais denunciam como blasfemo o vídeo sobre Maomé, em forma de caricaturas que ridicularizam o profeta.

O diretor do semanário da revista satírica, Stéphane Charbonnier, justificou sua aposta editorial na atualidade, como faz qualquer jornalista, e denunciou os protestos à responsabilidade do Executivo, que segundo sua opinião dá atenção aos extremistas que dizem representar todos os muçulmanos.

A revista, cuja sede está protegida pela Polícia terá que enfrentar um processo de uma quase desconhecida ONG, a Associação Síria pela Liberdade, que a acusa de "provocação pública à discriminação, ao ódio ou à violência nacional, racial e religiosa".

O governo proibiu uma manifestação de fundamentalistas em Paris depois que outra passeata que não tinha solicitado permissão em frente à embaixada americana terminou com mais de uma centena de detidos.

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