Confrontos entre islamitas e liberais marcam jornada de protestos no Egito

Cairo, 12 out (EFE).- Os Intensos confrontos entre defensores e detratores do presidente egípcio, Mohammed Mursi, marcaram a jornada de protestos convocada nesta sexta-feira por ambos os grupos na Praça Tahrir, no centro de Cairo, onde inúmeros manifestantes ficaram feridos.

O porta-voz do Departamento de Primeiros Socorros do Ministério da Saúde, Ahmad al Ansari, afirmou à agência de notícias "Mena" que 12 pessoas foram feridas, a maioria atingida por pedradas na cabeça.

Os confrontos evidenciam uma divisão gritante na sociedade egípcia, entre os partidários da Irmandade Muçulmana, grupo que Mursi pertencia antes de assumir à Presidência, e opositores ao presidente e também a esta organização, a qual é acusada de centralizar o poder no Egito.

Uma testemunha explicou à Agência Efe que os confrontos se desencadearam quando um jovem subiu em um palco montado em meio a uma jornada de protestos para gritar contra "o poder do guia espiritual", em uma referência ao líder máximo da Irmandade, Mohammed Badía.

Nesse momento, jovens da Irmandade Muçulmana começaram a atacar a tribuna, enquanto, segundo a mesma fonte, cantavam o lema "atrás de Mursi há homens valentes".

Nesta sexta-feira, dois protestos estavam convocados na praça: uma organizada por cerca de 20 grupos liberais e revolucionários para pedir a renúncia de Mursi, que chega aos 100 dias de mandato, e exigir que a nova Constituição represente todos os egípcios.

Já a outra manifestação foi convocada pela Irmandade Muçulmana para rejeitar a suposta falha no julgamento de várias autoridades do antigo regime de Hosni Mubarak (1981-2011), os quais foram absolvidos há dois dias pela morte dos manifestantes na chamada "batalha do camelo", registrada durante a revolução egípcia.

Segundo pôde constatar a Agência Efe, após os confrontos iniciados logo após a oração muçulmana do meio-dia, outros choques também eram registrados esporadicamente na praça.

Os simpatizantes da Irmandade Muçulmana representavam a maioria em Tahrir, enquanto os detratores do presidente egípcio se encontravam em uma rua próxima à praça.

Enquanto os partidários do chefe do Estado gritavam "te queremos, Mursi", seus oponentes respondiam com palavras de ordem como "o povo quer a queda do Governo do guia espiritual" da Irmandade Muçulmana e "Mursi, covarde, retira seus cachorros da praça".

Diante deste cenário, as pedras voavam de um lado para o outro e, em algumas ocasiões, conseguia atingir o objetivo de acertar os manifestantes opostos. Em outras ocasiões, os manifestantes corriam em debandada para se proteger, mas, pouco depois, voltavam às imediações do confronto.

Uma fonte policial afirmou à agência Efe que, na parte da tarde, os seguidores da Irmandade Muçulmana fecharam os acessos à praça e impediram a entrada dos manifestantes dos grupos liberais e revolucionários que chegavam desde os bairros de Dokhi e Al Gamra.

Em comunicado, o movimento "Jovens do 6 de Abril", um dos organizadores do protesto anti-Mursi, pediu aos partidários da Irmandade Muçulmana irem embora da praça e interromper as agressões, advertindo o grupo islamita contra "a soberba com a qual trata ao resto das correntes políticas" e cobrando um controle de seus seguidores.

Para evitar mais distúrbios em Tahrir, os "Jovens do 6 de Abril" anunciaram sua retirada e pediu que seus simpatizantes fossem para em direção à sede da Procuradoria Geral de a Corte Suprema. Neste caso, a ideia era dar continuidade ao protesto, mas de forma pacífica.

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