Lula estimula governo moçambicano a incluir os pobres em seus orçamentos
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Antonio Silva/Efe
O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira-dama de Moçambique, Graca Machel, participam de coletiva de imprensa no Palácio Presidencial de Maputo, Moçambique
Nairóbi, 19 nov (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou nesta segunda-feira de uma conferência sobre o desenvolvimento na capital de Moçambique, estimulou o governo angolano a incluir os pobres em seus orçamentos para conseguir um maior crescimento econômico.
O ex-presidente, que está em Moçambique em sua segunda escala de uma viagem pela África, participou hoje em uma conferência no Centro de Documentação Samora Machel sobre a luta contra a desigualdade social.
Lula lembrou as políticas e os conceitos defendidos durante seu mandato, entre eles a ideia de que os programas sociais são um investimento, não uma despesa, e que é necessário distribuir a riqueza para criar um círculo de expansão do mercado interno e o emprego.
"Nós começamos a incluir os pobres no orçamento. O Bolsa Família, que atende 50 milhões de pessoas, custa apenas 0,5% do PIB brasileiro", disse Lula.
O ex-líder afirmou além disso que, para conseguir o desenvolvimento de um país, as condições do mesmo devem ser respeitadas e que não há uma receita mágica que se possa aplicar em qualquer lugar.
Além disso, o brasileiro destacou a importância da colaboração entre Moçambique e Brasil: "Moçambique precisa de investimentos brasileiros para seu desenvolvimento, e os investimentos brasileiros precisam de Moçambique. O que é fundamental é respeitar o povo de Moçambique".
Lula encerrou seu discurso com o que considera sua maior conquista: ajudar a eleger a primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff.
"O nosso país, com muito preconceito, elegeu pela primeira vez uma mulher para presidenta da República do Brasil. Foi a tarefa que me deu mais orgulho", disse Lula.
O ato contou com a presença de destaque de Graça Machel, viúva de Samora Machel e esposa de Nelson Mandela; e também estiveram na cerimônia militantes do partido moçambicano de situação, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), ONGs , ativistas sociais e empresários.
Durante a conferência, Graça Machel descreveu Lula como "um símbolo, nas condições atuais, do sucesso em uma sociedade desigual".
O ex-presidente brasileiro se reuniu além disso durante o dia de hoje com o chefe de Estado do país, Armando Guebuza, e com o ex-mandatário Joaquim Chissano, ambos encontros de caráter informal.
Lula, que se encontra em Moçambique após passar pela África do Sul, onde se reuniu com o presidente do país, Jacob Zuma, deve se reunir amanhã com empresários moçambicanos, visitar a Universidade Aberta do Brasil em Maputo e uma fábrica de remédios antirretrovirais.
Na quarta-feira, o petista viajará para a Etiópia para se encontrar com o primeiro-ministro do país, Hailemariam Desalegn, e com a presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, na sede do organismo pan-africano em Adis-Abeba.
Na mesma noite da quarta-feira, o ex-mandatário viajará para a Índia.
Um dos assuntos tratados por Lula, não só na África do Sul, mas previsto para o resto dos países aos que irá, será a organização de um congresso sobre soberania alimentícia que a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) realizará em março de 2013 com a União Africana.
Lula havia previsto fazer esta viagem o ano passado, mas precisou interrompê-lo devido a um diagnóstico de câncer na laringe, do que os médicos já o declararam curado.