Palestina recebe Abbas agradecida por reconhecimento na ONU

Ana Cárdenes.

Ramala, 2 dez (EFE).- O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, foi recebido por uma multidão neste domingo em sua chegada à Muqata de Ramala (sede presidencial), onde milhares de pessoas lhe agradeceram pela conquista diplomática na ONU, que na quinta-feira aceitou a Palestina como Estado observador.

Um mar de bandeiras palestinas, cânticos nacionalistas e balões com as cores nacionais (vermelho, verde, preto e branco) receberam Abbas, recém chegado de Nova York, entre aplausos e ovações.

"Agora somos um Estado", disse o presidente palestino a seu povo. "O mundo está conosco, a história está conosco, Deus está conosco e o futuro é nosso", acrescentou.

O próximo passo da liderança palestina, prometeu Abbas, será a reconciliação entre as duas principais facções: a nacionalista Fatah, liderada por ele e que governa na Cisjordânia, e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Abbas garantiu aos milhares de palestinos entusiasmados que o voto da ONU "mudará muitas coisas no terreno" e o interpretou como uma condenação da comunidade de nações à ocupação e à agressão israelense.

Antes de pronunciar seu discurso na lotada praça da Muqata, adornada com cartazes e bandeirolas, Abbas deixou uma coroa de flores no túmulo do histórico líder palestino Yasser Arafat, em seu mausoléu adjacente.

Dezenas de cartazes mostravam uma foto de Abbas junto com outra de Arafat e, também, o presidente com uma imagem diante da Cúpula Dourada, na Esplanada das Mesquitas, na parte oriental de Jerusalém, que os palestinos reivindicam como capital de seu Estado.

O dirigente palestino assegurou que teve que fazer frente a "fortes pressões" de países que lhe instaram a não comparecer à Assembleia Geral da ONU ou a mudar o conteúdo da resolução que apresentou e foi aprovada por 138 votos a favor, nove contra (entre eles Estados Unidos, Israel e Canadá) e 41 abstenções.

"Estamos muito felizes porque hoje é o dia da dignidade de nosso povo. Tivemos muitas pressões para não levar isto à frente, mas hoje temos um Estado da Palestina; um Estado ocupado, um Estado cujos direitos são violados, mas é um grande passo na direção correta", disse à Agência Efe Xavier Abu Eid, porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

A votação na Assembleia outorgou à Palestina o status de Estado observador não-membro da ONU, o que permitirá a partir de agora que possa solicitar o ingresso em organizações e cortes internacionais, inclusive o Tribunal Penal Internacional de Haia.

O presidente da ANP descreveu o avanço diplomático como "um primeiro passo" rumo à construção de um Estado palestino independente.

Mulheres vestidas com o tradicional traje palestino de bordados vermelhos e outras com um vestido que recriava a bandeira nacional mostravam seu entusiasmo pelo respaldo internacional.

Ahlam Shaalán, uma jovem chegada de Belém, qualificou o momento de "muito importante" e contou à Efe que, com sua presença, queria mostrar seu agradecimento a Abbas pelo reconhecimento da Palestina.

Por sua parte, Jaafar Abdallah, funcionário do Ministério do Interior da ANP, declarou que este "é um momento histórico".

"Embora chegue tarde, o fato de após 65 anos o mundo ter reconhecido nossos direitos é uma questão de justiça", continuou, mostrando sua esperança que a ONU "funcione agora de forma diferente e pare todas as ações de guerra de Israel contra o povo palestino".

Para o porta-voz da OLP, o passo dado pela Palestina é "um passo de unidade", já que "todas as facções estiveram a favor do que o presidente Abbas fez nas Nações Unidas" e o importante é agora "pensar nos próximos passos rumo à reconciliação nacional".

"Toda esta gente que está aqui celebrando espera sua liberdade há 65 anos e acreditamos que é nosso direito poder alcançá-la no menor tempo possível", comentou.

Em sua opinião, uma das principais contribuições do reconhecimento da ONU é que ajudará a "acabar com a cultura de impunidade que permitiu a Israel violar todas as resoluções aprovadas sobre este conflito".

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

UOL Cursos Online

Todos os cursos