Lula pede que UE mantenha conquistas sociais que são exemplo para o mundo

Barcelona, 13 dez (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pedido nesta quinta-feira à União Europeia (UE) para que não recue nas conquistas sociais que custaram décadas e que são as mesmas que o Brasil almeja.

"Vocês não podem permitir em nenhum momento que haja um retrocesso das conquistas que fizeram ao longo de décadas, e pelas quais o Brasil e outros países estão lutando hoje. Nós lutamos para conquistá-las, vocês para não perdê-las", disse Lula em Barcelona, onde recebeu hoje o Prêmio Internacional Catalunha.

O ex-governante pediu à UE que supere os "defeitos" que foram evidenciados pela crise econômica e financeira para não retroceder nas conquistas sociais e do estado de bem-estar, que serviram de exemplo para outros países de todo o mundo.

Lembrou que foi necessária muita luta para conseguir o bem-estar atual na UE, e por isso destacou que o bloco é "um patrimônio da humanidade no campo da democracia e dos direitos".

"A luta da Europa durante séculos foi exemplo para muitas pessoas. Agora não podemos perder a esperança, não podemos crer que a crise causada pelo sistema financeiro é maior que a capacidade de luta. Se acreditarmos que isto não é assim, poderemos superar a crise e assegurar que a Europa garanta o estado de bem-estar", declarou.

Segundo Lula, "a UE está mais unida que nunca, mas se vê que tem defeitos. Isto não pode levar ao desespero, é um momento para muita reflexão e muito debate".

Lula destacou que o desenvolvimento global deve ser o resultado do progresso de todos os continentes, e por isso é o momento da inclusão dos pobres na economia de seus países e dos países pobres na economia mundial.

O ex-mandatário lembrou que o prêmio que recebeu hoje chegou em um momento - abril deste ano - no qual acabava de enfrentar "a batalha mais dura, a luta pela própria vida", já que terminava o tratamento contra o câncer de laringe que superou e do qual agora já está recuperado.

Lula recebeu o prêmio das mãos do presidente interino do governo autônomo da Catalunha, o nacionalista catalão Artur Mas, em reconhecimento por suas conquistas como presidente, quando sua política de crescimento fez emergir uma classe média e favoreceu uma distribuição mais justa da riqueza e das oportunidades.

Em seu discurso durante o ato de entrega do prêmio, Mas admitiu que estão sendo dando passos atrás dentro da UE, pelos quais culpou a pressão "muito dura" da política europeia e ao Estado espanhol.

"A Catalunha, com seus próprios recursos, poderia garantir melhor o estado de bem-estar", ressaltou Mas, para lembrar que um dos objetivos da concessão do Prêmio Internacional é "situar a Catalunha no mundo e contribuir para sua transformação".

O Prêmio Internacional Catalunha está dotado com 80 mil euros (pouco mais de R$ 200 mil) e a escultura "La clau y la lletra" (A chave e a letra), do catalão Antoni Tàpies

No final de seu discurso, Mas brincou que até 2014 "o Brasil pode estar tranquilo porque a Catalunha não terá uma seleção que possa competir internacionalmente", mas advertiu que, depois desta data e com o referendo de autodeterminação que planeja realizar, a situação poderia "ser diferente".

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