Protestos por liberdade de imprensa têm 12 presos na China

(Atualiza com reivindicação do semanário "Southern Weekly).

Pequim, 10 jan (EFE).- Pelo menos 12 pessoas foram detidas, acusadas de subversão e agrupamento ilegal, por apoiar nesta semana os protestos do semanário cantonês "Southern Weekly" contra a censura, informou nesta quinta-feira o diário "South China Morning Post", de Hong Kong.

Mais de 300 pessoas se juntaram esta semana às portas do semanário para pedir respeito à liberdade de imprensa na China e a demissão do chefe de propaganda do Partido Comunista (PCCh) no Cantão, Tuo Zhen, acusado de ter ordenado a censura de um editorial da publicação.

Os ativistas disseram que depois do protesto vários deles foram detidos pela Polícia em uma tentativa de "silenciá-los".

Três membros do Partido para a Democracia da China foram detidos por "incitar a subversão", enquanto o escritor Lu Gengsong disse que a Polícia invadiu a sua casa na última terça-feira e o prendeu.

Outros participantes dos protestos, Mao Qingxiang e Ren Weiren, declararam que também foram detidos no meio da noite e interrogados durante cinco horas.

Já o escritor Ye Du contou que ficou à disposição da Polícia durante sete horas e que foi obrigado a ficar nu para ser revistado.

"Fiquei preso por três meses durante a 'Revolução do Jasmim' (inspirada nos movimentos vividos em Tunísia e Egito, no início de 2011), mas nem sequer nessa oportunidade tive que passar por um tratamento tão humilhante", contou Ye, antes de acrescentar que seu microblog, no qual divulgou fotos do protesto no Cantão, foi fechado pelas autoridades.

Na quarta-feira, o "Southern Weekly" chegou a um acordo preliminar com as autoridades provinciais para pôr fim à paralisação. Após a intervenção direta do secretário-geral do PCCh no Cantão, o recém-nomeado Hu Chunhua, ficou definido que não haverá nenhum "castigo" para os trabalhadores que se declararam em greve.

O semanário chegou às bancas nesta quinta-feira com um editorial no qual pede mudanças no controle que o PCCh exerce sobre a imprensa.

"O PCCh administra os meios de comunicação, mas a maneira como faz isso deve adaptar-se aos novos tempos", assinalou o diário em um editorial no qual contesta outro do oficial "Diário do Povo", em que o regime justificava seu controle sobre a imprensa por conta da estabilidade nacional.

O semanário, um dos de maior tiragem do país (1,2 milhão de cópias) e muito popular entre os intelectuais chineses, assegura que a reforma do controle da imprensa "é um osso duro de roer", mas que o PCCh "necessita raciocinar e construir um novo e cuidado apoio midiático".

O "Southern Weekly" também reivindicou uma maior liberdade na internet, que se "transformou em uma parte da vida que não se pode negar".

A censura contra o editorial do semanário motivou as primeiras manifestações pela liberdade de expressão na China em décadas, em um episódio cujas consequências se estenderam a outros meios de comunicação do país.

Dai Zigeng, diretor do diário "The Beijing News", de Pequim, apresentou sua demissão por se negar na terça-feira a seguir as instruções oficiais e reproduzir um editorial do governista "Global Times" defendendo a censura.

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