Referendo "não significa que damos as costas à Europa", diz Cameron

Davos (Suíça), 24 jan (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, declarou nesta quinta-feira que sua proposta de referendo sobre a permanência do país na União Europeia (UE) tem o objetivo de estabelecer fundamentos para fazer com que o bloco possa ser "mais flexível e mais competitivo" no mundo.

A proposta de uma consulta, que será convocada se ele ganhar as eleições de 2015, "não representa que demos as costas à Europa, mas como firmamos as bases para uma Europa mais flexível e mais competitiva", afirmou Cameron no Fórum de Davos.

Em seu primeiro discurso após o anúncio feito ontem de que buscará renegociar a relação do Reino Unido com a UE, Cameron pediu à Europa que perceba a "mudança está ocorrendo" no mundo sem deixar de reagir apropriadamente.

Por isso, o premiê disse considerar que chegou o momento de "negociar um novo acordo sobre a Europa, que funcione para o Reino Unido" e argumentou que é necessário conseguir "um novo consenso para a Europa, que está perdendo a batalha da competitividade e da inovação".

O líder conservador britânico explicou que seu país não se sente cômodo em uma União Europeia na qual a metade dos países que a integra compartilha uma moeda, o que "leva inexoravelmente rumo a uma união bancária e uma união fiscal".

"Isso tem implicações enormes para países como o Reino Unido e outros que não estão no euro e que provavelmente não se unirão nunca, e representa muitas dificuldades", acrescentou

Cameron ressaltou que a Europa tem que dar uma resposta à "insistente pergunta de como os europeus competem e como têm sucesso na corrida econômica global".

"Muitas respostas são claras. É preciso enfrentar as dívidas e cortar despesas, assim como reduzir os superdimensionados sistemas do bem-estar, e conseguir que nossas escolas e universidades deem os resultados em função de seu valor", argumentou.

"O que proponho é uma mudança para a Europa, porque estamos ficando atrasados estabelecendo muitas regras para as empresas, acrescentando custos e deixando para trás nossos cidadãos. É algo que temos que enfrentar, não só pelo bem do Reino Unido, mas pelo bem de toda Europa", disse Cameron.

O líder britânico afirmou que há duas opções "perante a mudança que já está acontecendo na Europa, ficarmos parados e esperar que tudo isso passe ou enfrentar o problema".

Em um anúncio esperado há meses, Cameron apresentou um calendário muito preciso sobre a consulta popular, que será uma das questões que os "tories" (conservadores) incluirão em seu programa eleitoral de 2015.

O compromisso é buscar primeiro uma renegociação na relação do Reino Unido com a UE para que Londres possa recuperar de Bruxelas algumas competências, que Cameron não especificou.

Depois, caso vença as eleições britânicas, Cameron consultará os cidadãos do país - por volta de 2017 - em referendo para saber se querem ficar na UE com o novo acordo negociado ou se preferem sair totalmente do bloco europeu.

"Vamos dar ao povo britânico um referendo com uma opção muito simples de ficar ou sair, de ficar na UE com estes novos termos ou sair", afirmou.

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