Miguel Díaz-Canel, de 52 anos, se tornou neste domingo o número dois do governo cubano com sua nomeação como primeiro vice-presidente da ilha, cargo em que substitui o histórico José Ramón Machado Ventura.

Díaz-Canel, um homem criado desde a juventude no Partido Comunista cubano, teve uma notável ascensão política nos últimos cinco anos e muitos o apontam como um dos nomes a considerar como "substituto" geracional do poder em Cuba.

Homem de confiança de Raúl Castro e com fama de inteligente, Díaz-Canel ganhou em visibilidade pública durante o "raulismo", época na qual exerceu como ministro da Educação Superior e posteriormente como um dos vice-presidentes do Conselho de Ministros, no que se interpretou como uma tendência de "renovação moderada".

Nos últimos meses, acompanhou Raúl Castro em várias viagens internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em junho passado no Brasil e, de forma mais relevante, na cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) de Santiago do Chile, onde Cuba assumiu a Presidência temporária do organismo.

Também representou Cuba no oitavo aniversário da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), em Caracas, onde assegurou que Cuba responderá a qualquer ataque do "império" (EUA) contra a Venezuela "como se se tratasse" do próprio "solo pátrio".

Nascido em 20 de abril de 1960 em Villa Clara, o comunista se formou em 1982 como engenheiro em Eletrônica, momento em que se incorpora às Forças Armadas até 1985. Tambémse desempenhou como professor na Universidade Central de sua província natal onde se incorporou a União de Jovens Comunistas (UJC, filial juvenil do PCC).

Entre 1987 e 1989, Díaz-Canel liderou um contingente que viajou para prestar apoio ao governo sandinista da Nicarágua, que então travava uma guerra contra forças partidárias do ex-ditador Anastasio Somoza, apoiadas pelos Estados Unidos.

Em seu retorno, ocupou de novo várias funções na UJC. Em 1991, o cubano ingressou ao Comitê Central do PCC e no ano seguinte ao Birô Nacional da UJC onde foi sucessivamente segundo secretário da organização juvenil em nível nacional e integrante da direção regional do PCC na província central de Villa Clara.

Depois foi primeiro-secretário do PCC em Villa Clara (1994-2003) e em 2003 foi eleito para o mesmo cargo na província de Holguín.

Neste ano, pelos resultados de seu trabalho político em Villa Clara, foi elevado ao Birô Político do Partido Comunista, convertendo-se no membro mais jovem deste seleto e poderoso órgão da nomenclatura cubana.

À época, Raúl Castro, então ministro das Forças Armadas e segundo do regime, destacou o "alto senso do trabalho coletivo", "sua exigência com os subordinados", seu "afã de superação" e sua "sólida firmeza ideológica".

Já como presidente da ilha, Raúl Castro o nomeou em 2009 ministro da Educação Superior, em 2011 foi ratificado como membro do poderoso Birô Político do PCC no VI Congresso do partido e, em março de 2012, foi designado como um dos vice-presidentes do Conselho de Ministros em substituição ao veterano José Ramón Fernández, de 88 anos.

Díaz-Canel substitui na primeira Vice-Presidência de Cuba o histórico José Ramón Machado Ventura, de 82 anos, médico de profissão e número 2 do Partido Comunista de Cuba (PCC).

Com fama de ser um dos membros mais ortodoxos do regime cubano, Machado Ventura foi um dos colaboradores mais próximos que acompanharam os irmãos Fidel e Raúl Castro durante os 54 anos de revolução.