Raúl Castro abre caminho para sucessão institucionalizada em Cuba
Soledad Álvarez.
Havana, 25 fev (EFE).- Além de confirmar que seu segundo mandato será o último de sua trajetória política, o presidente de Cuba, Raúl Castro, traçou o caminho para uma substituição geracional institucionalizada na direção do país comunista, e abriu um ciclo que muitos consideram como histórico.
Após ter advertido em várias ocasiões sobre a necessidade de preparar uma passagem de bastão que garanta a continuidade da revolução, o general Castro, de 81 anos, definiu no domingo a ascensão de Miguel Díaz-Canel+, de 52, à primeira vice-presidência do país como "um passo definitivo na configuração da direção futura do país".
Além disso, Raúl Castro deu um prazo de cinco anos para concretizar a transferência "paulatina e ordenada" dos principais cargos do país às novas gerações de dirigentes, e entregar a eles "a responsabilidade de continuar construindo o socialismo".
O presidente apontou Díaz-Canel como seu provável sucessor ao afirmar que sua escolha como "número dois" do governo é para garantir a unidade no poder "frente a qualquer contingência pela perda do líder, de modo que se preserve a continuidade e estabilidade da nação".
Para alguns observadores e analistas, Cuba entra em uma etapa histórica", porque será a última liderada por homens que participaram da revolução que triunfou na ilha em 1959.
"Para mim começa a transição política, o último ciclo dos que fizeram a revolução, e este é um feito que tem grande significado para o futuro de Cuba", afirmou à Agência Efe o dissidente Manuel Cuesta Morúa, do grupo de tendência moderada "Arco Progressista".
Além do fator conjuntural do "relógio biológico" da direção histórica da revolução, outros observadores como o acadêmico Arturo López-Levy dão ênfase ao fato de Raúl Castro preparar a passagem do poder de uma forma institucionalizada e sistêmica, ao contrário de seu irmão Fidel.
"O interessante é que houve uma mudança muito manuseada institucionalmente", afirmou hoje López-Levy em entrevista por telefone à Efe, após lembrar que além da renovação que Díaz-Canel representa, o Conselho de Estado diminuiu sua média de idade para 57 anos, com mais de 60% de seus membros nascidos depois do triunfo da revolução.
Também na Assembleia Nacional ocorreu em relação à anterior legislatura uma renovação de mais de 67% de seus deputados, que têm uma média de idade de 48 anos.
Sobre Díaz-Canel, López-Levy ressaltou que sua promoção é resultado "não de um momento carismático, mas institucional", e por isso sua liderança é deve ser analisada a partir das duas plataformas do poder em Cuba: o Partido Comunista e as Forças Armadas.
Embora com pouca experiência no setor militar, o novo número dois do regime cubano está "muito bem conectado com o alto comando", e mais relevante ainda é sua grande ligação com os "czares" provinciais do partido, um grupo muito importante "em termos do balanço do poder interno" no país, de acordo com o acadêmico.
De qualquer forma, López-Levy adverte que o sucesso dessa transição institucionalizada dependerá também em boa medida do êxito do plano de reformas econômicas realizado na ilha.
Para os exilados em Miami, o início do último mandato de Raúl Castro e a nomeação de Díaz-Canel não significam que a transição política tenha começado em Cuba, embora interpretem como um tímido gesto a troca na primeira vice-presidência do país.
No entanto, eles lembram que esse "sinal" já foi visto em períodos anteriores, por exemplo com a eleição de Carlos Lage como vice-presidente do Conselho de Estado, depois "defenestrado".
Na ilha, os cubanos, mais preocupados com os problemas do dia a dia, receberam a reeleição de Raúl Castro para seu último mandato com certa indiferença pois esta era previsível, mas avaliam positivamente a ascensão do novo primeiro vice-presidente.
"Acho que (Díaz-Canel) é uma pessoa inteligente, trabalhadora, capaz, mais aberta que seu antecessor, mas é preciso ser polido em muitos aspectos", disse à Agência Efe Maritza Hernández, professora universitária de 40 anos.
Yamila Rodríguez, de 31 anos, admite não conhecê-lo, embora diga saber que é mais jovem que seu antecessor, o histórico José Ramón Machado Ventura.
"Tomara que ajude a proporcionar as mudanças que o povo da minha geração quer", disse.
Havana, 25 fev (EFE).- Além de confirmar que seu segundo mandato será o último de sua trajetória política, o presidente de Cuba, Raúl Castro, traçou o caminho para uma substituição geracional institucionalizada na direção do país comunista, e abriu um ciclo que muitos consideram como histórico.
Após ter advertido em várias ocasiões sobre a necessidade de preparar uma passagem de bastão que garanta a continuidade da revolução, o general Castro, de 81 anos, definiu no domingo a ascensão de Miguel Díaz-Canel+, de 52, à primeira vice-presidência do país como "um passo definitivo na configuração da direção futura do país".
Além disso, Raúl Castro deu um prazo de cinco anos para concretizar a transferência "paulatina e ordenada" dos principais cargos do país às novas gerações de dirigentes, e entregar a eles "a responsabilidade de continuar construindo o socialismo".
O presidente apontou Díaz-Canel como seu provável sucessor ao afirmar que sua escolha como "número dois" do governo é para garantir a unidade no poder "frente a qualquer contingência pela perda do líder, de modo que se preserve a continuidade e estabilidade da nação".
Para alguns observadores e analistas, Cuba entra em uma etapa histórica", porque será a última liderada por homens que participaram da revolução que triunfou na ilha em 1959.
"Para mim começa a transição política, o último ciclo dos que fizeram a revolução, e este é um feito que tem grande significado para o futuro de Cuba", afirmou à Agência Efe o dissidente Manuel Cuesta Morúa, do grupo de tendência moderada "Arco Progressista".
Além do fator conjuntural do "relógio biológico" da direção histórica da revolução, outros observadores como o acadêmico Arturo López-Levy dão ênfase ao fato de Raúl Castro preparar a passagem do poder de uma forma institucionalizada e sistêmica, ao contrário de seu irmão Fidel.
"O interessante é que houve uma mudança muito manuseada institucionalmente", afirmou hoje López-Levy em entrevista por telefone à Efe, após lembrar que além da renovação que Díaz-Canel representa, o Conselho de Estado diminuiu sua média de idade para 57 anos, com mais de 60% de seus membros nascidos depois do triunfo da revolução.
Também na Assembleia Nacional ocorreu em relação à anterior legislatura uma renovação de mais de 67% de seus deputados, que têm uma média de idade de 48 anos.
Sobre Díaz-Canel, López-Levy ressaltou que sua promoção é resultado "não de um momento carismático, mas institucional", e por isso sua liderança é deve ser analisada a partir das duas plataformas do poder em Cuba: o Partido Comunista e as Forças Armadas.
Embora com pouca experiência no setor militar, o novo número dois do regime cubano está "muito bem conectado com o alto comando", e mais relevante ainda é sua grande ligação com os "czares" provinciais do partido, um grupo muito importante "em termos do balanço do poder interno" no país, de acordo com o acadêmico.
De qualquer forma, López-Levy adverte que o sucesso dessa transição institucionalizada dependerá também em boa medida do êxito do plano de reformas econômicas realizado na ilha.
Para os exilados em Miami, o início do último mandato de Raúl Castro e a nomeação de Díaz-Canel não significam que a transição política tenha começado em Cuba, embora interpretem como um tímido gesto a troca na primeira vice-presidência do país.
No entanto, eles lembram que esse "sinal" já foi visto em períodos anteriores, por exemplo com a eleição de Carlos Lage como vice-presidente do Conselho de Estado, depois "defenestrado".
Na ilha, os cubanos, mais preocupados com os problemas do dia a dia, receberam a reeleição de Raúl Castro para seu último mandato com certa indiferença pois esta era previsível, mas avaliam positivamente a ascensão do novo primeiro vice-presidente.
"Acho que (Díaz-Canel) é uma pessoa inteligente, trabalhadora, capaz, mais aberta que seu antecessor, mas é preciso ser polido em muitos aspectos", disse à Agência Efe Maritza Hernández, professora universitária de 40 anos.
Yamila Rodríguez, de 31 anos, admite não conhecê-lo, embora diga saber que é mais jovem que seu antecessor, o histórico José Ramón Machado Ventura.
"Tomara que ajude a proporcionar as mudanças que o povo da minha geração quer", disse.