Cuba se despede de Chávez, seu aliado vital, com grande e solene homenagem
Havana, 7 mar (EFE).- Cuba deu nesta quinta-feira seu último adeus ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com uma grande e solene homenagem àquele foi seu principal aliado no século XXI e cuja perda representa um duro golpe para um país muito dependente do apoio e do petróleo do país sul-americano.
Milhares de cubanos desfilaram em todas as capitais do país levando imagens de Chávez, em uma jornada de luto e tributo que foi aberta na cidade de Santiago de Cuba pelo presidente do país, Raúl Castro.
Com traje militar, o general Castro depositou uma rosa branca sobre um retrato do líder bolivariano, em um simples e contido gesto.
"O mais importante é que, em nossos povos, o que conseguimos avançar com a influência dele nestes poucos anos não retrocederá", disse Raúl Castro, em suas primeiras declarações após a morte de Chávez, que, segundo ele, "se foi invicto, invencível e vitorioso".
O presidente de Cuba já viajou a Caracas para assistir amanhã ao funeral de Estado por Hugo Chávez.
Em Havana, a cerimônia de homenagem ao presidente venezuelano teve como cenário o Memorial José Martí, situado na emblemática Praça da Revolução.
Lá, os primeiros a homenagear Chávez foram as principais autoridades do governo e do Partido Comunista de Cuba, entre elas o primeiro vice-presidente do país, Miguel Díaz-Canel.
Ao longo da jornada, uma ordenada multidão passou em fila pelo memorial em um ambiente de sobriedade e solenidade, só quebrado por estudantes e trabalhadores venezuelanos residentes em Cuba com gritos como "Viva o comandante Chávez", "Chávez vive" ou "A luta continua".
Levando bandeiras venezuelanas e cartazes, estudantes venezuelanos de medicina e esportes e trabalhadores da companhia petrolífera PDVSA cantaram na Praça da Revolução de Havana o hino da Venezuela, entre outras músicas.
Também homenagearam o presidente venezuelano representantes do corpo diplomático credenciado em Cuba, assim como negociadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) nos diálogos de paz com o governo de Juan Manuel Santos.
"Ivan Márquez", número dois da guerrilha, destacou em declarações a jornalistas o papel de Chávez no início de "um caminho" para a solução política e dialogada do conflito armado no país sul-americano e definiu o presidente venezuelano como um "líder continental".
Outro rosto conhecido que foi à cerimônia em Havana foi Fidel Castro Díaz-Balart, o filho mais velho de Fidel Castro, que ressaltou à imprensa que o legado de "solidariedade e coragem" deixado pelo "revolucionário moderno" que foi Chávez.
Com esta homenagem de alto nível, que a ilha costuma reservar a dirigentes históricos de sua revolução, Cuba se despede assim de um aliado fundamental em sua história recente, cuja perda abre incertezas em um país muito dependente da Venezuela.
Nos últimos 14 anos, a Venezuela chavista foi o principal parceiro econômico da ilha até o ponto em que o volume de troca comercial com o país sul-americano (que subiu para mais de US$ 6 bilhões em 2010) representa 40% do total registrado em Cuba.
Com Chávez, a ilha recebeu diariamente 100 mil barris de petróleo venezuelano que Cuba paga em parte com serviços médicos, esportivos e sociais exercidos por cerca de 45 mil cubanos na Venezuela.
Essa aliança foi muito além do lado econômico devido à relação próxima entre Chávez e os irmãos Castro, especialmente com o ex-presidente Fidel, mentor político do líder bolivariano e que o guiou em seu sonho de unir a América Latina contra o imperialismo e o capitalismo.
A amizade de Chávez com o chefe da revolução cubana ficou patente também nas doenças que afetaram ambos: quando em 2006 Fidel Castro adoeceu e delegou o poder a seu irmão Raúl, foi o líder venezuelano quem o "acompanhou como um filho", nas palavras do governo cubano.
Os papéis mudaram anos mais tarde, quando Fidel Castro permaneceu atento e vigilante à evolução do câncer de Chávez, que escolheu Cuba para ser operado e receber a maior parte de seus tratamentos entre 2011 e 2013, um período em que as viagens do presidente venezuelano à ilha foram constantes.
A morte de Chávez atinge uma Cuba imersa em um plano econômico para "atualizar" o socialismo e projeta preocupação em como afetará as relações entre a Venezuela e a ilha.
Muitos temem que um cenário sem a generosa ajuda de Chávez provoque uma volta aos duros anos da escassez, embora não falte quem acredite que a ilha está agora melhor preparada do que nos anos 90, quando caiu o bloco soviético, para enfrentar um impacto similar. EFE
sam-arj/id
(foto) (vídeo)
Milhares de cubanos desfilaram em todas as capitais do país levando imagens de Chávez, em uma jornada de luto e tributo que foi aberta na cidade de Santiago de Cuba pelo presidente do país, Raúl Castro.
Com traje militar, o general Castro depositou uma rosa branca sobre um retrato do líder bolivariano, em um simples e contido gesto.
"O mais importante é que, em nossos povos, o que conseguimos avançar com a influência dele nestes poucos anos não retrocederá", disse Raúl Castro, em suas primeiras declarações após a morte de Chávez, que, segundo ele, "se foi invicto, invencível e vitorioso".
O presidente de Cuba já viajou a Caracas para assistir amanhã ao funeral de Estado por Hugo Chávez.
Em Havana, a cerimônia de homenagem ao presidente venezuelano teve como cenário o Memorial José Martí, situado na emblemática Praça da Revolução.
Lá, os primeiros a homenagear Chávez foram as principais autoridades do governo e do Partido Comunista de Cuba, entre elas o primeiro vice-presidente do país, Miguel Díaz-Canel.
Ao longo da jornada, uma ordenada multidão passou em fila pelo memorial em um ambiente de sobriedade e solenidade, só quebrado por estudantes e trabalhadores venezuelanos residentes em Cuba com gritos como "Viva o comandante Chávez", "Chávez vive" ou "A luta continua".
Levando bandeiras venezuelanas e cartazes, estudantes venezuelanos de medicina e esportes e trabalhadores da companhia petrolífera PDVSA cantaram na Praça da Revolução de Havana o hino da Venezuela, entre outras músicas.
Também homenagearam o presidente venezuelano representantes do corpo diplomático credenciado em Cuba, assim como negociadores das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) nos diálogos de paz com o governo de Juan Manuel Santos.
"Ivan Márquez", número dois da guerrilha, destacou em declarações a jornalistas o papel de Chávez no início de "um caminho" para a solução política e dialogada do conflito armado no país sul-americano e definiu o presidente venezuelano como um "líder continental".
Outro rosto conhecido que foi à cerimônia em Havana foi Fidel Castro Díaz-Balart, o filho mais velho de Fidel Castro, que ressaltou à imprensa que o legado de "solidariedade e coragem" deixado pelo "revolucionário moderno" que foi Chávez.
Com esta homenagem de alto nível, que a ilha costuma reservar a dirigentes históricos de sua revolução, Cuba se despede assim de um aliado fundamental em sua história recente, cuja perda abre incertezas em um país muito dependente da Venezuela.
Nos últimos 14 anos, a Venezuela chavista foi o principal parceiro econômico da ilha até o ponto em que o volume de troca comercial com o país sul-americano (que subiu para mais de US$ 6 bilhões em 2010) representa 40% do total registrado em Cuba.
Com Chávez, a ilha recebeu diariamente 100 mil barris de petróleo venezuelano que Cuba paga em parte com serviços médicos, esportivos e sociais exercidos por cerca de 45 mil cubanos na Venezuela.
Essa aliança foi muito além do lado econômico devido à relação próxima entre Chávez e os irmãos Castro, especialmente com o ex-presidente Fidel, mentor político do líder bolivariano e que o guiou em seu sonho de unir a América Latina contra o imperialismo e o capitalismo.
A amizade de Chávez com o chefe da revolução cubana ficou patente também nas doenças que afetaram ambos: quando em 2006 Fidel Castro adoeceu e delegou o poder a seu irmão Raúl, foi o líder venezuelano quem o "acompanhou como um filho", nas palavras do governo cubano.
Os papéis mudaram anos mais tarde, quando Fidel Castro permaneceu atento e vigilante à evolução do câncer de Chávez, que escolheu Cuba para ser operado e receber a maior parte de seus tratamentos entre 2011 e 2013, um período em que as viagens do presidente venezuelano à ilha foram constantes.
A morte de Chávez atinge uma Cuba imersa em um plano econômico para "atualizar" o socialismo e projeta preocupação em como afetará as relações entre a Venezuela e a ilha.
Muitos temem que um cenário sem a generosa ajuda de Chávez provoque uma volta aos duros anos da escassez, embora não falte quem acredite que a ilha está agora melhor preparada do que nos anos 90, quando caiu o bloco soviético, para enfrentar um impacto similar. EFE
sam-arj/id
(foto) (vídeo)