Sarkozy rejeita acusações em caso L'Oréal e diz que é perseguido pela Justiça

  • Christophe Karaba/EFE

    O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy

    O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy

A acusação de que o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy se aproveitou da fraqueza e dos problemas mentais da milionária Liliane Bettencourt, dona da L'Oréal, foi classificada nesta sexta-feira de "terremoto político" por seu partido e rejeitada veementemente pelo acusado.

Sarkozi é acusado de um suposto financiamento ilegal da campanha eleitoral que o levou ao poder em 2007. Segundo seu advogado, Thierry Herzog, o ex-presidente está sendo perseguido.

"Nunca pediu que fosse tratado melhor do que ninguém, mas também que não o tratem pior", afirmou o advogado. "O tratamento imposto" ao presidente pela justiça é "escandaloso", afirmou Herzog.

Já o partido de Sarkozy, União por um Movimento Popular (UMP), qualificou a acusação de "terremoto". Para o ex-primeiro-ministro François Fillon, que deseja assumir a liderança da legenda, a decisão da justiça foi "injusta e extravagante".

"Não chego a compreender os motivos desta acusação", alegou por sua vez o presidente da UMP, Jean-François Copé.


Até o momento, o ex-presidente tinha o status de "testemunha assistida" no caso, mas após nove horas de audiência no Palácio de Justiça de Bordeaux o juiz alterou esta posição.

Se as acusações forem comprovadas, Sarkozy poderia ser condenado a três anos de prisão, pagamento de 375 mil euros de multa e cinco anos inabilitação política.

O escândalo surge quando Sarkozy tinha a preferência do eleitorado para uma possível volta à presidência nas eleições de 2017 e em um momento no qual a popularidade do atual chefe de Estado, o socialista François Hollande, alcança mínimos históricos.

O juiz suspeita que Sarkozy se aproveitou de problemas mentais da mulher mais rica da França, hoje com 90 anos, que sofre de doenças degenerativas.

A suposição de que teria se beneficiado de Liliana parte da antiga contadora da idosa, Claire Thibout, que em 2010 declarou à polícia que três anos antes o administrador da família, Patrice de Maistre, pediu a ela 150 mil euros para entregar ao então tesoureiro da campanha eleitoral de Sarkozy, Eric Woerth.

A suspeita se reforça pelo fato de que, segundo deram a entender agendas confiscadas no escritório e domicílio de Sarkozy, o ex-presidente se reuniu várias vezes com Liliana e com outros protagonistas do caso.

Sarkozy assegura que só se reuniu uma vez com falecido marido de Liliane em seu gabinete, mas depoimentos de funcionários dos sócios da L'Oréal, divulgados pela imprensa, indicam que Sarkozy se encontrou várias vezes com a agora viúva.

O caso foi revelado por acaso dentro de uma disputa familiar levada aos tribunais pela filha de Liliane, Françoise Meyers. Sarkozy é a 17º pessoa acusada no caso.

Sarkozy é o segundo presidente a comparecer na Justiça após sua saída do Palácio do Eliseu, depois que seu antecessor, o também conservador Jacques Chirac, foi condenado em 2011 a dois anos de prisão isentos de aplicação da pena por um caso de corrupção e financiamento ilegal de partidos.

 

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