Motorista de Neruda critica equipe de legistas escolhida para exumar poeta

Santiago do Chile, 3 abr (EFE).- O antigo motorista do poeta Pablo Neruda, Manuel Araya, criticou nesta quarta-feira a equipe de legistas escolhida para participar da exumação do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1971, que será realizada na próxima segunda-feira.

Araya defende que Neruda não morreu por causa do câncer de próstata do qual sofria, mas que foi assassinado com uma injeção letal nos primeiros dias da ditadura de Augusto Pinochet. A hipótese foi exposta por ele em 2011, em entrevista a uma revista mexicana.

Essa suspeita levou o Partido Comunista (PC) - do qual Neruda pertencia - a apresentar, em maio de 2011, uma acusação judicial que levou o juiz da Corte de Apelações de Santiago, Mario Carroza, a abrir uma investigação que inclui a exumação dos restos do poeta.

No comunicado emitido hoje do qual a Agência Efe teve acesso, Araya garante que o juiz Carroza "vetou a equipe de peritos proposta pela família de Pablo Neruda, e representada pelo sobrinho do poeta Rodolfo Reyes, e pelo integrante do PC Eduardo Contreras".

No entanto, Eduardo Contreras disse à Efe que não concorda com o conteúdo desse comunicado, e que o PC contará com a perita Gloria Ramírez, com o neurologista e psiquiatra Luis Fornazzari e com o geneticista Cristián Orrego durante a exumação e os exames posteriores.

Contreras concordou com Manuel Araya em relação ao fato de que o juiz deveria ter aceitado a proposta da família de Neruda, assim como a presença do perito Luis Ravanal, que em 2008 ficou conhecido por divulgar um relatório sobre a morte de Salvador Allende (1973) no qual atestou que o crânio do líder político tinha recebido dois tiros de armas de calibres diferentes.

No entanto, em 2011 uma investigação judicial concluiu que Allende se suicidou com um fuzil automático, que permite o disparo de duas balas de uma só vez.

O antigo motorista de Neruda também criticou a participação de três profissionais do Serviço Médico Legal (SML) na exumação.

Um deles é o doutor Germán Taipa, que de acordo com Araya deveria ter sido descartado por emitir uma opinião prévia sobre o caso, já que elaborou, em 2012, um relatório, a pedido do juiz, no qual considerava que não havia elementos suficientes que pusessem em dúvida que o poeta morreu de câncer.

Manuel Araya também questiona que participem da equipe o diretor do SML, o médico Patrício Bustos, e o subdiretor administrativo, Cristián Díaz.

Fontes ligadas ao juiz Carroza disseram à Efe que Bustos participará como diretor do SML, mas que não vai fazer parte da equipe pericial. Além disso, Cristián Díaz só exercerá trabalhos de coordenação logística, segundo explicou outra fonte que possui informações sobre o processo.

Apesar de não integrarem a equipe de exumação, o procedimento terá como observadores o próprio Manuel Araya; o advogado Eduardo Contreras; o sobrinho do poeta, Rodolfo Reyes; e o presidente do PC, Guillermo Teillier, acrescentou a fonte judicial.

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