Carlos, o Chacal, proíbe presença de advogados em novo julgamento

Paris, 13 mai (EFE).- O terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, mais conhecido como "Carlos", o Chacal, disse nesta segunda-feira que proibiu seus advogados de participarem do julgamento de apelação em um Tribunal de Paris, onde responde por quatro atentados mortais cometidos na França em 1982 e 1983.

"Proibi meus advogados de aparecerem para me defender", declarou "Carlos" pouco após começar o julgamento, que foi aberto sem representação de sua defesa.

Os advogados franceses de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre e Francis Vuillemin, e os advogados estrangeiros do venezuelano não compareceram ao tribunal e o acusado não esclareceu se a proibição vale para todo o julgamento, que está programado até o começo de julho.

"Espero que em um futuro próximo os responsáveis venezuelanos possam saltar os obstáculos dos traidores", se limitou a responder.

O presidente do Tribunal tinha lido uma carta enviada desde Caracas por Coutant-Peyre, na qual afirmava que era impossível estar presente no começo da audiência em Paris "por causa de compromissos não cumpridos pela Embaixada da Venezuela".

Viullemin também não foi ao Tribunal, que não conseguiu entrar em contato com o advogado.

"Carlos" insistiu que tanto o falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, como o atual, Nicolás Maduro, tinham manifestado solidariedade com ele "em múltiplas ocasiões", mas que "os muito poderosos inimigos sionistas" tinham bloqueado a ajuda dos advogados que solicitou de forma repetida.

"A culpa é dos traidores", que "vão pagar a sabotagem com seu sangue", ameaçou o terrorista de 63 anos, que está preso na França desde 1994 e que ficou aborrecido quando os gerdames o impediram de falar com um diplomata venezuelano presente na sala que se negou a fazer qualquer declaração à imprensa.

Quando no habitual interrogatório sobre a identidade do processado foi pergutando pela sua profissão, "Carlos" disse ao presidente do tribunal: "Você sabe muito bem que eu sou um revolucionário profissional", a mesma frase o acusado tinha dito no julgamento em primeira instância no final de 2011.

Neste julgamento, Carlos recebeu a segunda pena à prisão perpétua na França, após uma primeira em dezembro de 1997 pelo assassinato em Paris, em 27 de junho de 1975, de dois agentes secretos e um informador.

A segunda incluía um período mínimo de 18 anos de cumprimento efetivo da pena pelos fatos que vão ser examinados de novo pelo tribunal parisiense e pelos quais também é acusada a alemã Cristina Frohlich, que foi absolvida em primeira instância.

O episódio se tratou de uma série de quatro atentados que deixam 11 mortos e dezenas de feridos.

O principal advogado das vítimas dessas ações, Francis Szpiner, disse que não espera "nada novo de 'Carlos'" na audiência e que "nunca mostrou remorsos".

"Para as vítimas é um sofrimento suplementar", comentou Szpiner à imprensa.

Pierre Panet, membro do "Comitê para a libertação de 'Carlos'" explicou à agência Efe que, apesar dos quase 19 anos que está atrás das grades, o venezuelano "mantém a moral", "tem a mesma ardência revolucionária" e dedica boa parte do tempo na prisão a ler e conversar com seus amigos.

ac-jam/ff

(foto)

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