São Paulo, 13 mai (EFE).- A presidente Dilma Rousseff pediu nesta segunda-feira ao chefe de Estado alemão, Joachim Gauck, acesso aos arquivos sobre a ditadura brasileira que possam existir na Alemanha para somá-los aos trabalhos da Comissão da Verdade, que investiga violações aos direitos humanos durante o regime militar.

"Tenho grande admiração pelo ativismo e trabalho (de Gauck) para promover a verdade e a reconciliação na Alemanha reunificada e por isso pedi a ele o acesso a eventuais arquivos existentes ali que possam beneficiar os trabalhos da Comissão da Verdade", declarou Dilma a jornalistas em São Paulo, sem detalhar que arquivos poderiam existir na Alemanha.

Sobre o pedido de Dilma, Gauck comentou: "Eu, por muito tempo, fui responsável pelos arquivos da ditadura comunista e era necessário preservar os arquivos que diziam algo a respeito de pessoas inocentes".

"Quando se trata de preservar o passado, eu sou um perito", completou Gauck, que coordenou a comissão alemã que controlou a dissolução da Polícia Secreta da Alemanha Oriental depois da reunificação.

Gauck não escondeu sua admiração pela decisão do governo brasileiro de instalar uma Comissão da Verdade, criada por Dilma em 2012 e integrada por advogados, diplomatas e ex-promotores.

"Quero demonstrar meu respeito à presidente Dilma por ter instalado a Comissão Nacional da Verdade e é necessário aproveitar a oportunidade de buscar a verdade e, se a comissão tiver o apoio necessário para o acesso a todas as fontes, vai conseguir muito", opinou o presidente alemão.

Dilma e Gauck inauguraram hoje no World Trade Center de São Paulo o 31º Encontro Empresarial Brasil-Alemanha, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Bundesverband der Deutschen Industrie (BDI).

Antes de inaugurar o encontro, que termina amanhã com a participação de dois mil empresários e ministros dos dois países, Dilma e Gauck repassaram temas da agenda bilateral durante uma reunião, com ênfase no tema comercial e na cooperação.