Lula recebe título de doutor honoris causa e exalta aliança Brasil-Peru

Lima, 5 jun (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou nesta quarta-feira em Lima o sucesso da aliança estratégica econômica assinada há dez anos entre Brasil e Peru e destacou os efeitos positivos que teve para o comércio bilateral e regional.

Lula, que chegou na noite de ontem a Lima, participou hoje junto com o presidente peruano, Ollanta Humala, da inauguração de um fórum que reuniu mais de 300 empresários dos dois países.

O ex-presidente disse que ao chegar ao governo do país, em 2003, o comércio entre Peru e Brasil era de apenas US$ 656 milhões e agora, dez anos depois da assinatura da aliança estratégica, o fluxo comercial chega a US$ 3,7 bilhões.

"Temos investimentos (privados) de US$ 6 bilhões no Peru", enquanto o investimento de empresas privadas peruanas no Brasil "chegou a US$ 720 milhões", acrescentou.

O ex-presidente lembrou que, há dez anos, foi muito criticado por assinar um acordo de integração econômica e viária com o Peru, pois vários setores no Brasil consideravam que o desenvolvimento seria alcançado apenas por meio de relações com a União Europeia e os Estados Unidos.

"A América do Sul não existia, nem a América Latina, não existia África nem os países árabes... Eu achava que a geografia comercial e política do mundo poderia ser modificada se acreditássemos em nós mesmos, mas não era um discurso fácil", declarou Lula.

Nessa época, as relações comerciais do Brasil com a América do Sul eram de US$ 15 bilhões, enquanto na atualidade ascendem a US$ 70 bilhões.

No entanto, o fluxo comercial entre Brasil e Mercosul cresceu de US$ 9 bilhões a US$ 42 bilhões em uma década, segundo os dados citados por Lula.

"Com um pouco de vontade podemos concretizar as coisas, a relação com o Peru ainda não alcançou 10% de todo seu potencial", disse o ex-presidente durante o fórum realizado para celebrar os dez anos da aliança bilateral.

De acordo com Lula, Peru e Brasil "vivem momentos extraordinários com uma combinação que revolucionará a América Latina porque nunca se fez tanta política social na América do Sul como hoje".

O ex-presidente ressaltou também "a importância para a integração continental" da aliança estratégica assinada com o Peru, assim como o mecanismo de substituição competitiva de importações que os países criaram e que "inspirou o modelo adotado pelo Mercosul para todos os países associados".

Lula pediu ao presidente peruano, Ollanta Humala, presente no fórum, que aprenda a contar com os empresários porque eles "devem ser os executores das coisas que assinamos".

Humala assinalou, por sua parte, que "é uma aliança natural poder integrar um bloco bioceânico Atlântico-Pacífico, porque a saída natural do Brasil ao Pacífico é pelo Peru e a projeção natural do Peru rumo ao Atlântico é pelo Brasil".

"O Peru tem um potencial grande em alimentos, mas queremos indústrias e isso é o que vamos desenvolver. É de interesse nacional diversificar a economia", comentou.

Depois da participação no fórum, Lula foi declarado "hóspede ilustre" e recebeu a medalha Cidade de Lima, entregue pela prefeita da capital peruana, Susana Villarán.

Villarán entregou a Lula a máxima distinção da prefeitura de Lima em reconhecimento aos seus esforços para promover a relação entre Peru e Brasil e por "seu compromisso com os mais pobres".

Ao aceitar a distinção, Lula ressaltou que "os pobres devem ser prioridade para os governos, que devem incluí-los em seus orçamentos".

Posteriormente, o ex-presidente visitou a Universidad Nacional Mayor de San Marcos, no centro histórico de Lima, onde foi nomeado doutor honoris causa e teve um encontro com universitários.

A universidade, criada pela Corona Espanhola em 1551, reconheceu com esta distinção a trajetória de Lula por ter conseguido, durante seus dois mandatos presidenciais, entre 2003 e 2010, reduzir a pobreza no Brasil.

"Provamos que era plenamente possível crescer distribuindo e que não era preciso esperar crescer para distribuir. Provamos que era possível aumentar os salários sem aumentar a inflação. Provamos que a democracia se fortalece, se consolida e se aprofunda quando a riqueza é distribuída", declarou Lula durante seu discurso de aceitação do prêmio.

Segundo o ex-presidente, em seu governo os pobres foram "parte fundamental da solução" e deixaram de ser parte do problema.

Lula viajará ainda hoje ao Equador para continuar a viagem pela América do Sul que começou esta semana na Colômbia.

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