Snowden desfruta do primeiro dia de liberdade fora do aeroporto de Moscou

O ex-técnico da CIA Edward Snowden desfruta nesta sexta-feira de suas primeiras 24 horas em liberdade fora do aeroporto moscovita de Sheremetievo, depois que ontem a Rússia concedeu asilo temporário em um claro desafio aos Estados Unidos.

Quase nada foi dito sobre seus primeiros passos em território russo após deixar a sala de passagem do aeroporto, por onde morou por mais de cinco semanas.

"Ele já resolveu o problema de habitação. Tudo está bem", disse nesta sexta-feira o advogado russo Anatoli Kucherena, que atua como assessor legal de Snowden, que é reclamado pela Justiça dos Estados Unidos por revelar uma trama de espionagem em massa das comunicações pelos serviços secretos norte-americanos.

O jurista, que antes tinha dito à imprensa que o local onde Snowden vai morar seria mantido em segredo para garantir sua segurança, acrescentou que não sabe se poderá realizar um possível encontro do fugitivo da Justiça americana com a imprensa.

"Por enquanto, não. Mas nos próximos dias, conseguirei averiguar algo", disse à agência oficial russa "RIA" Novosti Kucherena, que ontem entregou a Snowden a documentação russa de asilado temporário.

Pouco depois, o advogado revelou que fará um convite, através da embaixada russa em Washington, para que Lon Snowden, pai do ex-técnico da CIA, possa viajar ao país para visitar o filho.

"Snowden se adaptará fácil na Rússia porque psicologicamente somos muito parecidos com os americanos", comentou o doutor Mikhail Vinogradov, diretor do Centro de Assistência Psicológica para Situações Extremas.

A decisão do Governo russo de conceder asilo temporário a Snowden para fez saltar faíscas em Washington.

"A Rússia nos apunhalou pelas costas e a cada dia que permitem que o senhor Snowden ande livremente, o nosso punhal afunda mais", declarou ontem Charles Schumer, senador democrata por Nova York.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou, por sua vez, que os EUA estão "extremamente decepcionados" pela concessão de asilo a Snowden.

Carney advertiu que a Casa Branca avalia a "utilidade" da cúpula bilateral na qual os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, devem se reunir em Moscou nos primeiros dias de setembro, antes da reunião do G20 na cidade de São Petersburgo.

O embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Michael McFaul, se reuniu hoje com Yuri Ushakov, assessor de Putin, para "falar sobre o desarmamento nuclear, a Síria, a defesa antimísseis, o comércio, os direitos humanos e o novo status do senhor Snowden", segundo informou a missão diplomática americana através do Twitter.

Especialistas russos coincidiram hoje em dizer que apesar dos Estados Unidos poderem cancelar a cúpula bilateral de setembro, dificilmente tomarão decisões que piorem gravemente as relações entre Washington e Moscou.

"O mais provável é que as relações se mantenham no mesmo nível, porque a agenda bilateral é muito curta e são poucas as coisas que podem piorar", disse à Agência Efe Fiôdor Lukiánov, diretor de "Globalnaya Politika", revista especializada em política externa e relações internacionais.

Segundo Lukianov, a cúpula prevista para setembro tem um caráter "absolutamente simbólico", pois não há temas urgentes para resolver e, portanto, se não for realizada, suporá um prejuízo adicional às relações entre Moscou e Washington.

Nesse mesmo sentido se pronunciou o conhecido analista político russo Sergei Karaganov, que admitiu em entrevista à agência "Interfax" a possibilidade de Obama anular a reunião com Putin em Moscou.

Porém, Karaganov coincidiu com Lukianov de que é muito pouco provável que seja cancelada sua presença na cúpula do G20 em São Petersburgo.

"Seria um desprezo não só ao anfitrião, mas a todos os participantes", recalcou Karaganov.

Grampos nos EUA

O programa O Prism é um programa de inteligência secreta americana que daria ao governo acesso aos dados de usuários de serviços de grandes empresas de tecnologia
Quais dados? Não se sabe exatamente, mas qualquer informação poderia ser consultada. O jornal 'Washington Post' cita e-mail, chat, fotos, vídeos e detalhes das redes sociais
Quem sabia? Segundo Obama, o programa foi aprovado pelo Congresso e é fiscalizado pelo Poder Judiciário no país. Todas as empresas negaram participação
Funcionamento De acordo com fontes do jornal britânico 'The Guardian', o governo poderia ter acesso aos dados sem o consentimento das empresas, mas, como eles são criptografados, precisaria de chaves que só as companhias possuem
Empresas possivelmente envolvidas Microsoft, Google, Facebook, Yahoo, Apple, Paltalk, Skype, Youtube, AOL

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