Governo e Farc retomam diálogo para avançar no tema da participação política

Miriam Burgués.

Havana, 19 ago (EFE).- O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) retomaram nesta segunda-feira as conversas de paz em Havana (Cuba) para tentar seguir avançando no polêmico tema da participação política deste grupo, após a advertência do presidente Juan Manuel Santos de que não abaixará a guarda na luta contra a guerrilha.

Após um recesso brusco de pouco mais de uma semana as equipes negociadoras iniciaram no Palácio de Convenções de Havana uma nova rodada de diálogo, a décima terceira desde que o processo começou há nove meses.

A equipe negociadora do governo, liderada pelo ex-vice-presidente colombiano Humberto de la Calle e integrado também pelo alto comissário para a Paz, Sergio Jaramillo, entrou no Palácio de Convenções sem fazer declarações.

Por sua parte, as Farc apoiaram a greve agropecuária convocada para hoje na Colômbia, em uma declaração lida perante a imprensa por seu chefe negociador, "Ivan Márquez", conhecido também como Luciano Marín Arango.

"Que não se criminalize o direito ao protesto social", pediu "Ivan Márquez". O líder também afirmou que espera que o "costume" do governo de identificar "toda manifestação de insatisfação social e popular" com as Farc não dê motivo para "tratamentos violentos" contra os setores grevistas.

O protesto foi convocado há dois meses pelo movimento Dignidade Cafeteira, que agrupa um setor dos produtores de café do país. Outros sindicatos do setor anunciaram sua intenção de se somar à greve, assim como caminhoneiros e trabalhadores da saúde. Os grupos reivindicam mais atenção e ajuda do governo.

Segundo "Ivan Márquez", a jornada de protesto de hoje também deve ser aproveitada para se pedir ao governo que inicie a revisão dos Tratados de Livre-Comércio (TLC) assinados com países como os EUA "sem consideração da realidade econômica nacional e desconhecimento da situação precária" de muitos setores produtivos.

Após terem chegado em maio a um acordo na questão de terras e desenvolvimento rural, o primeiro dos cinco pontos do diálogo, o governo e as Farc começaram na anterior rodada de conversas, que terminou em 10 de agosto, a discutir o tema da participação política da guerrilha.

"Nunca se chegou tão longe", declarou então De la Calle, ao ressaltar que "passo a passo" esperam conseguir um acordo sobre a incorporação das Farc ao sistema democrático em "direta relação" com o fim do conflito.

O presidente colombiano enviou no sábado às Farc uma mensagem de compromisso com o diálogo, mas advertiu que não descerá a guarda na luta contra os grupos guerrilheiros.

"Toda guerra termina com acordos, em uma conversa com o inimigo. Espero que possamos terminar esta guerra o mais em breve possível, mas para terminá-la é necessário continuar a ofensiva, não baixar a guarda, porque esta é a forma de liquidar em breve este conflito", disse Santos na posse de novos comandantes militares.

Já o chefe das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timoleón Jiménez" ou "Timochenko", reiterou na semana passada a proposta de que se adiem as eleições previstas para 25 de maio do ano que vem para que Santos possa enfrentar o processo de paz sem estar envolvido em um debate eleitoral.

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