Governo fixa data para exumar restos mortais de João Goulart


Brasília, 16 out (EFE).- O governo marcou para o próximo dia 13 de novembro a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart para determinar se, como se suspeita, foi envenenado como parte do Plano Condor, desenvolvido por regimes militares do Cone Sul.

"Essa é a busca da memória do nosso país, daquilo que nos constitui. A exumação de João Goulart é a exumação da ditadura do nosso país", afirmou em entrevista coletiva a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Goulart morreu no exílio na Argentina em 6 de dezembro de 1976 e, por imposição do regime militar, foi sepultado sem passar por autópsia em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul.

Maria do Rosário explicou que os exames nos restos de Goulart serão realizados por laboratórios de Brasília e do exterior e quase um mês depois, em 6 de dezembro, retornarão a São Borja, a mesma data na qual se completarão 37 anos de sua morte.

A exumação será coordenada pelo Instituto Nacional de Criminologia, da Polícia Federal e será realizada em duas etapas: uma de análise antropológica, para colher informações sobre possíveis substâncias venenosas, e depois uma análise de DNA.

A operação terá a supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e contará com peritos de Argentina e Uruguai, além de técnicos legistas de Cuba.

"Hoje podemos dizer com segurança que o ex-presidente foi perseguido por agentes da ditadura militar todos os dias de sua vida. Antes e depois do exílio. Independentemente do trabalho de pesquisas e do resultado, já temos convicção que a ditadura o perseguia. Sabemos que ele tentava voltar ao país pouco antes de sua morte", disse a ministra.

Derrubado por militares em 1964, Goulart morreu na Argentina em 1976, oficialmente de um ataque cardíaco.

O ex-agente secreto uruguaio Mario Barreiro Neira, que cumpre pena no Brasil por tráfico de armas, declarou há quatro anos que Goulart morreu assassinado, depois que trocaram o remédio que tomava para um problema cardíaco por um veneno.

Jango estava sendo vigiado no exílio quando morreu e se aproximando do também ex-presidente Juscelino Kubitscheck e de Carlos Lacerda para voltar ao Brasil, os três mortos em estranhas circunstâncias em menos de um ano, segundo a Comissão da Verdade. EFE

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