Exumação dos restos de João Goulart tenta por fim ao mistério de sua morte
Rio de Janeiro, 13 nov (EFE).- O governo exumou nesta quarta-feira os restos mortais do ex-presidente João Goulart para submetê-los a exames que possam indicar se morreu de ataque cardíaco, como foi informado há 37 anos, ou se foi envenenado como parte da chamada Operação Condor.
A exumação dos restos do presidente deposto pelo golpe militar de 1964 se prolongou por mais de 13 horas e foi coordenada por peritos brasileiros com a participação de especialistas de Cuba indicados pela família do ex-presidente, assim como de Argentina e Uruguai, países nos quais viveu exilado.
Os responsáveis pelo processo, que seguem um rigoroso protocolo, iniciaram os trabalhos às 7h30 (de Brasília) e calculam que apenas no final da noite deixarão os restos prontos para seu transporte amanhã para Brasília.
Jango morreu em dezembro de 1976 em um hotel da cidade argentina de Mercedes supostamente vítima de um ataque cardíaco, segundo consta de um certificado de óbito expedido sem a respectiva autópsia.
Essa versão foi desmentida há cinco anos por um ex-membro do serviço secreto uruguaio, que assegurou que Goulart foi envenenado por agentes de vários países no marco da Operação Condor.
Outros testemunhos de ex-agentes de organismos de inteligência de países da região também sustentam a hipótese que Jango foi envenenado como parte do plano coordenado pelos regimes militares do Cone Sul nos anos 70 e 80 para eliminar opositores.
Esses testemunhos e um pedido da família, que desde sempre suspeita do envenenamento, obrigou o Ministério Público a abrir uma investigação em 2007 para determinar as causas da morte e a solicitar a exumação dos restos.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que representou o governo na exumação junto com secretária de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário Nunes, disse confiar que os exames possam indicar a verdadeira causa da morte de Goulart.
"As técnicas modernas podem revelar resultados e gerar conclusões, mas deixemos que os especialistas trabalhem e tomara que consigam demonstrar a verdade", afirmou o ministro no cemitério municipal de São Borja, no Rio Grande do Sul, onde o corpo foi sepultado após sua repatriação.
Segundo Cardozo, se for comprovada a hipótese de envenenamento, o governo avaliará as medidas que adotará.
A exumação começou com a delicada tarefa de extrair os gases presentes no caixão, dos quais foram tomadas diferentes amostras. Os técnicos informaram em comunicado que a sepultura estava em bom estado internamente e que não tinha sido prejudicada nem pela umidade nem por infiltrações.
O caixão foi retirado da sepultura e depositado em uma urna especial, na qual será transportado até Brasília, onde serão realizados exames e se recolherão amostras que serão enviadas a laboratórios estrangeiros.
"O trabalho seguiu um protocolo elaborado durante meses por peritos, pela polícia e pela Cruz Vermelha. Não houve dificuldades, mas o trabalho se prolongou pelos diferentes períodos", explicou o cubano Jorge Pérez, que participou da exumação dos restos do guerrilheiro Che Guevara e representou hoje a família de Goulart.
Os restos mortais serão recebidos amanhã em Brasília com as honras militares fúnebres próprias de um chefe de Estado, em cerimônia liderada pela presidente Dilma Rousseff, e pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor.
A cerimônia tenta reparar o fato de que Goulart é até agora o único presidente brasileiro sepultado sem essas honras.
"Será uma forma de homenagear o ex-presidente que, na época de sua morte, não contou com esse ritual concedido aos chefes da nação", assegurou a Presidência.
Para a família de Goulart, a exumação e a homenagem permitem resgatar o legado político de Jango.
"Finalmente poderemos ver as honras de chefe de Estado que lhe negaram", afirmou Christopher Goulart, um de seus netos.
"A grande vítima do golpe militar foi a Constituição brasileira. Hoje demos o primeiro grande passo para contar uma história omitida durante anos", acrescentou João Vicente Goulart, filho do ex-presidente.
A exumação dos restos do presidente deposto pelo golpe militar de 1964 se prolongou por mais de 13 horas e foi coordenada por peritos brasileiros com a participação de especialistas de Cuba indicados pela família do ex-presidente, assim como de Argentina e Uruguai, países nos quais viveu exilado.
Os responsáveis pelo processo, que seguem um rigoroso protocolo, iniciaram os trabalhos às 7h30 (de Brasília) e calculam que apenas no final da noite deixarão os restos prontos para seu transporte amanhã para Brasília.
Jango morreu em dezembro de 1976 em um hotel da cidade argentina de Mercedes supostamente vítima de um ataque cardíaco, segundo consta de um certificado de óbito expedido sem a respectiva autópsia.
Essa versão foi desmentida há cinco anos por um ex-membro do serviço secreto uruguaio, que assegurou que Goulart foi envenenado por agentes de vários países no marco da Operação Condor.
Outros testemunhos de ex-agentes de organismos de inteligência de países da região também sustentam a hipótese que Jango foi envenenado como parte do plano coordenado pelos regimes militares do Cone Sul nos anos 70 e 80 para eliminar opositores.
Esses testemunhos e um pedido da família, que desde sempre suspeita do envenenamento, obrigou o Ministério Público a abrir uma investigação em 2007 para determinar as causas da morte e a solicitar a exumação dos restos.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que representou o governo na exumação junto com secretária de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário Nunes, disse confiar que os exames possam indicar a verdadeira causa da morte de Goulart.
"As técnicas modernas podem revelar resultados e gerar conclusões, mas deixemos que os especialistas trabalhem e tomara que consigam demonstrar a verdade", afirmou o ministro no cemitério municipal de São Borja, no Rio Grande do Sul, onde o corpo foi sepultado após sua repatriação.
Segundo Cardozo, se for comprovada a hipótese de envenenamento, o governo avaliará as medidas que adotará.
A exumação começou com a delicada tarefa de extrair os gases presentes no caixão, dos quais foram tomadas diferentes amostras. Os técnicos informaram em comunicado que a sepultura estava em bom estado internamente e que não tinha sido prejudicada nem pela umidade nem por infiltrações.
O caixão foi retirado da sepultura e depositado em uma urna especial, na qual será transportado até Brasília, onde serão realizados exames e se recolherão amostras que serão enviadas a laboratórios estrangeiros.
"O trabalho seguiu um protocolo elaborado durante meses por peritos, pela polícia e pela Cruz Vermelha. Não houve dificuldades, mas o trabalho se prolongou pelos diferentes períodos", explicou o cubano Jorge Pérez, que participou da exumação dos restos do guerrilheiro Che Guevara e representou hoje a família de Goulart.
Os restos mortais serão recebidos amanhã em Brasília com as honras militares fúnebres próprias de um chefe de Estado, em cerimônia liderada pela presidente Dilma Rousseff, e pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor.
A cerimônia tenta reparar o fato de que Goulart é até agora o único presidente brasileiro sepultado sem essas honras.
"Será uma forma de homenagear o ex-presidente que, na época de sua morte, não contou com esse ritual concedido aos chefes da nação", assegurou a Presidência.
Para a família de Goulart, a exumação e a homenagem permitem resgatar o legado político de Jango.
"Finalmente poderemos ver as honras de chefe de Estado que lhe negaram", afirmou Christopher Goulart, um de seus netos.
"A grande vítima do golpe militar foi a Constituição brasileira. Hoje demos o primeiro grande passo para contar uma história omitida durante anos", acrescentou João Vicente Goulart, filho do ex-presidente.