Israel adverte Hamas e a tensão cresce na fronteira com Gaza

Jerusalém, 19 jan (EFE).- Um ano depois da operação militar "Pilar Defensivo", a segunda invasão israelense de Gaza, o rumor do conflito cresce na fronteira entre Israel e a faixa, objeto em três semanas de sete ataques israelenses em represália ao lançamento de 17 foguetes.

Embora nenhum deles tenha causado vítimas israelenses - a maioria se desviou de seus alvos, explodindo no ar ou sendo interceptados pelo escudo "cúpula de ferro", serviram para que o exército israelense reforçasse sua presença na região e o governo redobrasse a pressão sobre o grupo islamita palestino Hamas, que governa Gaza.

A última troca aconteceu nesta madrugada, quando aviões de combate israelenses entraram Gaza e destruíram alvos no centro e o sul da faixa em resposta ao lançamento de um míssil classe "Grad" que atingiu a sede do Conselho Regional Sdot Neguev.

Horas mais tarde, um segundo ataque matou um importante membro do grupo islamita radical Jihad Islâmica que andava de moto na cidade palestina de Jabalya.

Segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos um drone israelense "lançou um míssil contra a motocicleta no qual viajava Ahmad Saad, de 22 anos, membro das Brigadas Al Quds", braço armado do movimento Jihad.

O ataque também feriu um adolescente de 12 anos, acrescentou a fonte antes de afirmar que este é o primeiro ataque com estas características que Israel realiza desde abril de 2013.

À crescente atmosfera de tensão bélica horas mais tarde contribuiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que advertiu o Hamas que o exército atuará com dureza se o lançamento de foguetes não parar.

Em declarações divulgadas após a reunião ministerial semanal, Netanyahu ressaltou que o Estado de Israel "está decidido a manter a calma no sul do país", embora para isso deva usar toda sua força.

"Faremos através de nossa política de prevenção e respondendo poderosamente a qualquer tentativa de nos ferir. Sugiro ao Hamas que leve em conta qual é nossa política", explicou.

Pouco antes, o jornal israelense "Ha'aretz" revelou que responsáveis israelenses enviaram este fim de semana uma advertência direta ao movimento islamita através "dos canais egípcios".

"Os responsáveis de segurança acreditam que o aviso conjunto de Israel e Egito terá um efeito restritivo sobre o Hamas e que os dirigentes desta organização atuarão para prevenir o lançamento de foguetes de Gaza ao Neguev", no sul israelense, explicou o jornal.

Analistas, políticos e diplomatas ressaltam que nem Israel nem Hamas parecem propensos promover um recrudescimento das hostilidades que desemboque em uma nova operação como a de 14 meses, apesar de certos indícios.

E apontam a que uma das razões para este novo cenário poderia ser o enfraquecimento do poder do Hamas, cada vez menos capaz de controlar a atividade da Jihad e de outros grupos ligados à Al Qaeda em Gaza.

"Hamas e Israel não têm interesse, por enquanto, em romper as regras impostas após a operação Pilar Defensivo", escreveu neste domingo o analista Alex Fishman no jornal israelense "Ynet".

"Mas o tempo passa, e a política de dissuasão está erodindo, a de Israel rumo ao Hamas e a do Hamas para à Jihad e outras organizações salafistas na faixa", advertiu Fishman.

Esta aparente fraqueza do Hamas seria produto da evolução política na região, e em particular das mudanças que estão sendo vividas na Síria e no Egito.

Neste último país, a derrocada do presidente islamita Mohammed Mursi e a ascensão do general Abdel Fatah Al Sisi, que retomou a parceria tradicional do exercito egípcio com Israel dos tempos do destronado Hosni Mubarak, foi um duro golpe para os planos do Hamas.

Analistas em segurança israelenses como Yossi Melman acreditam na importância do momento atravessado pelo país com o novo esforço de paz empreendido pelo secretário de Estado americano, John Kerry, que se está aproximando do fim.

"Se assumiu que as negociações estão chegando a seu ponto crucial, e embora de forma suave e vaga, é possível chegar a algum tipo de acordo interino", raciocinou Melman.

"Os milicianos palestinos, que se opõem à paz, aumentam a atividade para marcar que os acordos não se devem acontecer na mesa, mas no campo de batalha", diz.

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