AI denuncia "limpeza étnica" de muçulmanos na República Centro-Africana
Nairóbi, 12 fev (EFE).- A organização Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quarta-feira que as forças internacionais de paz não conseguiram evitar uma "limpeza étnica" de civis muçulmanos no oeste da República Centro-Africana (RCA).
A ONG defensora dos Direitos Humanos fez um pedido para que as comunidades muçulmanas sejam protegidas das milícias Anti-Balaka, formada por civis cristãos e acusadas pela organização de "violentos ataques em uma tentativa de limpeza étnica".
"As forças de paz internacionais devem romper o controle das milícias Anti-Balaka e fornecer tropas suficientes nas povoações onde os muçulmanos se encontram ameaçados", exigiu a AI em um comunicado.
O resultado dos ataques "é um êxodo muçulmano de proporções históricas", disse Joanne Mariner, conselheira de resposta a situações de crise da organização.
Além disso, criticou a "morna" resposta da comunidade internacional a esta crise, pois as forças de paz foram reticentes para desafiar as milícias Anti-Balaka" e reagiram com lentidão na hora de proteger a minoria muçulmana.
As forças de paz "facilitaram a violência em alguns casos, ao permitir que as abusivas milícias Anti-Balaka preenchessem o vazio de poder criado pela partida do Séléka, criticou Donatella Rovera, outra especialista da AI em situações de crise.
O antigo grupo rebelde Séléka, de maioria muçulmana, ocupou o poder após derrubar de seu cargo o presidente François Bozizé em março de 2013, contra quem tinham pegado em armas em dezembro de 2012.
Nas últimas semanas, a AI recolheu mais de uma centena de testemunhos sobre os ataques a grande escala das milícias cristãs contra civis muçulmanos nas cidades do noroeste do país (Bouali, Boyali, Bossembele, Bossemptele e Baoro), onde as tropas internacionais não tinham sido enviadas.
O ataque mais grave aconteceu em 18 de janeiro em Bossemptele, onde pelo menos 100 muçulmanos foram assassinados, principalmente mulheres e idosos, entre eles um imã de 70 anos.
A população muçulmana fugiu de várias cidades e povoados, enquanto os poucos que permaneceram em seus municípios se refugiaram em mesquitas.
Inclusive no bairro PK 5, na capital do país e centro da comunidade muçulmana de Bangui, milhares de pessoas deixaram suas casas.
Em um relato, uma criança relatou à Anistia Internacional que em 14 de janeiro o caminhão no qual viajava foi detido em um posto de controle Anti-Balaka.
Os milicianos obrigaram a descer do veículo todos os passageiros muçulmanos e seis membros de sua família foram assassinados: três mulheres e três crianças.
A atual crise começou após o golpe de Estado do Séléka, formado por rebeldes de maioria muçulmana em um país de população essencialmente católica, o que fez com que o conflito tenha assumido um caráter religioso.
No poder durante quase dez meses, os ex-rebeldes do Séléka foram responsáveis por massacres, execuções extrajudiciais, estupros, torturas e saques, assim como a queima e destruição de aldeias cristãs.
A ONG defensora dos Direitos Humanos fez um pedido para que as comunidades muçulmanas sejam protegidas das milícias Anti-Balaka, formada por civis cristãos e acusadas pela organização de "violentos ataques em uma tentativa de limpeza étnica".
"As forças de paz internacionais devem romper o controle das milícias Anti-Balaka e fornecer tropas suficientes nas povoações onde os muçulmanos se encontram ameaçados", exigiu a AI em um comunicado.
O resultado dos ataques "é um êxodo muçulmano de proporções históricas", disse Joanne Mariner, conselheira de resposta a situações de crise da organização.
Além disso, criticou a "morna" resposta da comunidade internacional a esta crise, pois as forças de paz foram reticentes para desafiar as milícias Anti-Balaka" e reagiram com lentidão na hora de proteger a minoria muçulmana.
As forças de paz "facilitaram a violência em alguns casos, ao permitir que as abusivas milícias Anti-Balaka preenchessem o vazio de poder criado pela partida do Séléka, criticou Donatella Rovera, outra especialista da AI em situações de crise.
O antigo grupo rebelde Séléka, de maioria muçulmana, ocupou o poder após derrubar de seu cargo o presidente François Bozizé em março de 2013, contra quem tinham pegado em armas em dezembro de 2012.
Nas últimas semanas, a AI recolheu mais de uma centena de testemunhos sobre os ataques a grande escala das milícias cristãs contra civis muçulmanos nas cidades do noroeste do país (Bouali, Boyali, Bossembele, Bossemptele e Baoro), onde as tropas internacionais não tinham sido enviadas.
O ataque mais grave aconteceu em 18 de janeiro em Bossemptele, onde pelo menos 100 muçulmanos foram assassinados, principalmente mulheres e idosos, entre eles um imã de 70 anos.
A população muçulmana fugiu de várias cidades e povoados, enquanto os poucos que permaneceram em seus municípios se refugiaram em mesquitas.
Inclusive no bairro PK 5, na capital do país e centro da comunidade muçulmana de Bangui, milhares de pessoas deixaram suas casas.
Em um relato, uma criança relatou à Anistia Internacional que em 14 de janeiro o caminhão no qual viajava foi detido em um posto de controle Anti-Balaka.
Os milicianos obrigaram a descer do veículo todos os passageiros muçulmanos e seis membros de sua família foram assassinados: três mulheres e três crianças.
A atual crise começou após o golpe de Estado do Séléka, formado por rebeldes de maioria muçulmana em um país de população essencialmente católica, o que fez com que o conflito tenha assumido um caráter religioso.
No poder durante quase dez meses, os ex-rebeldes do Séléka foram responsáveis por massacres, execuções extrajudiciais, estupros, torturas e saques, assim como a queima e destruição de aldeias cristãs.