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Ucrânia rejeita plano russo de transformá-la em federação

Boris Klimenko

Em Kiev

31/03/2014 14h45

A Ucrânia rejeitou nesta segunda-feira (31) o plano do Kremlin que propõe transformá-la em uma federação, em meio à diminuição da tensão na fronteira com a retirada de um batalhão motorizado russo cuja mobilização tinha feito os ucranianos temer uma invasão.

"Hoje, não há motivos para a Ucrânia se tornar uma federação. A Ucrânia é um Estado unitário", afirmou o presidente interino, Aleksandr Turchinov, à imprensa local.

Turchinov destacou que o governo ucraniano já iniciou uma política de cessão de competências, eminentemente econômicas, para aumentar a autonomia administrativa das regiões e apaziguar os ânimos no leste, cuja maioria da população é de origem russa.

"As regiões devem ser fortes. Devem decidir de maneira autônoma seus planos de futuro, como ocorre em muitos países civilizados da Europa. Esse é o caminho que tomaremos", destacou.

Turchinov também ressaltou que o povo ucraniano é que vai decidir os princípios da nova Constituição e seu modelo de Estado.

"Os senhores (Sergei) Lavrov, (Vladimir) Putin e (Dmitri) Medvedev podem apresentar qualquer proposta para a Federação Russa. Os dirigentes russos devem se dedicar aos problemas da Federação Russa, e não aos problemas da Ucrânia", afirmou.

Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, tornou público no sábado um plano para transformar a Ucrânia, através de uma reforma constitucional, em uma federação que reconcilie os interesses do leste de predominância russa e o oeste europeísta.

A Rússia, que neste mês se anexou a região da Crimeia, dá por certo que, caso contrário, a Ucrânia perderá também as regiões orientais, as mais ricas do país e onde os ânimos separatistas se propagaram como pólvora desde a queda do presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro.

Segundo esse roteiro, cada região teria de amplas competências no âmbito econômico, financeiro, cultural, linguístico, educativo e de relações econômicas e culturais com os países vizinhos.

Além disso, Lavrov mencionou que a nova carta magna ucraniana deve corroborar o status da Ucrânia como país que se mantém à margem de blocos militares como a Otan. Turchinov respondeu hoje que o governo e o parlamento debatem a modificação desse status.

"Este é um assunto muito atual. Neste momento, temos negociações para criar as condições a fim de que a nenhum país ocorra fazer uma agressão contra nosso Estado", disse.

Para isso, a Ucrânia deve contar com Forças Armadas e uma Guarda Nacional, esta última de nova criação, "potentes, móveis e capazes de repelir uma agressão", argumentou.

Além disso, Turchinov ressaltou que Kiev não descarta recuperar a Crimeia, território que o primeiro-ministro russo, Medvedev, visitou hoje pela primeira vez desde a anexação.

"Estamos abertos ao diálogo, mas a libertação da Crimeia será o primeiro tema a ser tratado em qualquer negociação. Todos os demais assuntos são secundários", ressaltou.

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