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Familiares de vítimas do naufrágio estão indignados com governo por resgate

Um parente de passageiro que estava a bordo de balsa que naufragou no litoral da Coreia do Sul bate em funcionário do governo que informava novidades sobre a situação de resgate, em Jindo - Jeon Heon-Kyun/AFP
Um parente de passageiro que estava a bordo de balsa que naufragou no litoral da Coreia do Sul bate em funcionário do governo que informava novidades sobre a situação de resgate, em Jindo Imagem: Jeon Heon-Kyun/AFP

De Seul (Coreia do Sul)

17/04/2014 04h44

Os familiares das vítimas da balsa que naufragou nesta quarta-feira (16) na Coreia do Sul, com pelo menos nove mortos e quase 300 desaparecidos, expressaram sua raiva e indignação nesta quinta-feira (17) contra o governo, a quem acusam de ter procedido mal nos trabalhos de resgate, além de oferecer informações incorretas.

Os parentes das vítimas receberam o primeiro-ministro sul-coreano, Chung Hong-won, com uma chuva de protestos quando este chegou na cidade de Jindo, no litoral sudeste do país, para se reunir com eles, informou o jornal local "Korea Herald".

Os familiares estavam irritados com o atraso nos trabalhos de resgate, já que o naufrágio se prolongou durante duas horas e, mesmo assim, apenas 179 passageiros foram salvos.

Outros 287 teriam ficado presos na embarcação - com poucas chances de que tenham sobrevivido - e nove morreram, segundo dados oficiais.

A indignação também foi motivada pelos diferentes números divulgados por parte das autoridades de Seul durante as primeiras 12 horas do acidente, pois as informações oficiais variaram muito e, inclusive, despertaram falsas esperanças ao ser veiculado em um determinado momento que o número de desaparecidos era inferior ao atual.

A maioria dos familiares das vítimas são os pais e parentes dos 325 estudantes de ensino médio que formavam a maior parte do total de 475 passageiros da balsa Sewol.

Os sobreviventes, por sua vez, criticaram o que pode ter sido uma grave imprudência por parte da tripulação do navio, que ordenou aos passageiros permanecerem em seus assentos ao invés de iniciar os procedimentos de salvamento durante aproximadamente uma hora, depois que um estrondo foi ouvido e seguido pelo início do afundamento.

Mapa do naufrágio na Coreia do Sul - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

"O navio se inclinava cada vez mais, mas houve várias transmissões que nos diziam para ficarmos em nossos lugares", relatou um sobrevivente de 17 anos ao jornal local "Hankyoreh", após opinar que "tudo poderia ter ocorrido de outra forma se as pessoas tivessem saído mais rápido".

Outros resgatados criticaram que o capitão da embarcação, que saiu vivo do acidente, foi um dos primeiros a abandonar a balsa durante o naufrágio.

Enquanto os trabalhos de resgate continuam para tentar encontrar os 287 desaparecidos, a sociedade sul-coreana permanece atordoada diante daquela que pode ser uma das maiores tragédias humanas em tempos de paz na história do país.