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Eleito, Tabaré Vázquez diz que Uruguai "pode melhorar mais"

Pesquisa boca de urna indica que o candidato governista Tabaré Vázquez, 74, venceu o segundo turno das eleições uruguaias - Pablo Bielli/AFP
Pesquisa boca de urna indica que o candidato governista Tabaré Vázquez, 74, venceu o segundo turno das eleições uruguaias Imagem: Pablo Bielli/AFP

Em Montevidéu

30/11/2014 23h01Atualizada em 01/12/2014 07h49

O vencedor das eleições presidenciais do Uruguai, o candidato de esquerda Tabaré Vázquez, se comprometeu neste domingo (30) a trabalhar "com o máximo" de suas capacidades contando "com todos os uruguaios" para que lhe acompanhem para conseguir um país "que pode melhorar mais".

"Estão convocados todos para o diálogo que queremos que seja sem preconceito, mas com lealdade, produtivo, que leve a decisões concretas e sustentáveis, e que sem ignorar ninguém e abrangendo a todos reflita a maioria, porque isto é a alma da democracia", afirmou Vázquez, médico oncologista de 74 anos.

Com 100% das urnas apuradas, Vázquez obteve 53,6% dos votos, contra 41,1% do seu adversário conservador, Luis Lacalle Pou.

Respeitado por ter conseguido impulsionar a economia e reduzir a pobreza em seu primeiro governo (2005 e 2010), Vázquez tomará posse em 1º de março para suceder seu aliado José Mujica, um ex-guerrilheiro, de 79 anos.

Mesmo sendo mais moderado do que Mujica, Vázquez é considerado uma garantia da continuidade de várias iniciativas aprovadas pelo atual presidente, apesar de ter se oposto no passado a leis como a do aborto e de se preocupar com o impacto na segurança da legalização do cultivo e venda de maconha.

"O Uruguai de hoje não é o de 2005 nem o de 2010, não é perfeito nem o será, mas é a cada dia melhor e pode melhorar mais", assinalou Vázquez em entrevista coletiva, após saber que os resultados de boca de urna apontavam sua vitória.

Após uma mensagem de agradecimento a, entre outros, sua equipe e a todos os cidadãos por ter feito de hoje um dia de paz, o candidato quis mandar uma saudação a Lacalle Pou e a seu companheiro de chapa, Jorge Larrañaga, além de a todos os cidadãos que lhes apoiaram.

"Não se trata de perseguir quimeras, mas de olhar de frente para a realidade e a partir dela fixar objetivos ambiciosos, mas alcançáveis", acrescentou Vázquez, para quem algumas dessas metas são "imediatas" e outras de mais longo prazo, mas todas devem ser encaradas "com perspectiva estratégica rumo certo, condução confiável e sentido de nação".

Em seu discurso quis lembrar que se completam 30 anos do pleito que marcou o fim da ditadura militar (1973-1985) e da restauração da democracia no Uruguai.

"Hoje, exatamente 30 anos depois, os uruguaios novamente dizem sim. Sim a mais liberdades e mais direitos, melhor democracia e melhor cidadania. Mais desenvolvimento econômico, social e cultural, porque a cultura em seu sentido mais amplo e profundo não é um adorno", destacou.

Vázquez atribuiu este "pronunciamento soberano" à "credibilidade" da Frente Ampla, de suas propostas e ações e à "convicção e tenacidade" de todos seus militantes em todo o território nacional, porque "além das candidaturas partidárias hoje o Uruguai foi o vencedor", destacou.

Neste sentido, Vázquez pediu o diálogo e o acordo entre todos os setores e em todos os âmbitos da sociedade a partir dos próximos dias, nos quais, se forem confirmados os resultados, começam as tarefas de transição entre o Governo que sai e o novo.

A convivência e a segurança, a educação e a saúde, a habitação e as infraestruturas, a proteção social, a inovação e o meio ambiente são alguns dos campos nos quais, segundo antecipou, se concentrará em seu eventual Governo, além de mais trabalho, melhor emprego e sustentabilidade ambiental.