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Kremlin afirma que Turquia lançou à Rússia um "desafio sem precedentes"

25.nov.2015 - Embaixada turca em Moscou, na Rússia, foi depredada durante protesto em frente ao edifício - Vasily Maximov/AFP
25.nov.2015 - Embaixada turca em Moscou, na Rússia, foi depredada durante protesto em frente ao edifício Imagem: Vasily Maximov/AFP

Em Moscou

28/11/2015 08h55

A Turquia lançou à Rússia um "desafio sem precedentes" ao derrubar um caça russo SU-24 na fronteira turco-síria, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista emitida neste sábado (28) pela televisão russa.

"O presidente (Vladimir Putin) se mobilizou ao máximo, ao nível que exigem as circunstâncias. As circunstâncias não têm precedentes, à Rússia foi lançado um desafio sem precedentes", acrescentou o porta-voz.

A reação da Rússia, que exigiu desculpas, compensações e castigo aos culpados da derrubada do avião, "corresponde" com a magnitude do desafio, considerou Peskov. O porta-voz russo ressaltou que, com a instalação na Síria de sistemas de mísseis antiaéreos S-400, os pilotos russos que participam das missões de bombardeios no país árabe estarão a salvo de novos ataques.

"Podemos constatar uma coisa: os pilotos russos estão assegurados em caso de novos perigos. O correspondente sistema antiaéreo já foi instalado", declarou. Peskov destacou que o "ataque pelas costas" efetuado pela Turquia, como Moscou qualificou a derrubada do SU-24, causou um "dano difícil de reparar" às relações bilaterais russo-turcas.

"Putin disse que nós víamos à Turquia como um aliado. Tudo isso foi destruído literalmente em um instante por um disparo de um F-16 turco", comentou. O governo russo deve informar hoje de medidas de represália contra a Turquia em uma série de âmbitos econômicos.

Por ora, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, já anunciou ontem que Moscou suspenderá a partir de 1º de janeiro de 2016 o regime de isenção de vistos com a Turquia.

Lavrov, que já tinha recomendado os russos que não viajem a esse país e, aos que já se encontram ali, que retornem o mais rápido possível, não vinculou a medida à derrubada do avião russo, mas à latente ameaça terrorista na Turquia, país que faz fronteira com a Síria.

O acordo de isenção de vistos foi assinado pelos governos de ambos países em 2010 e entrou em vigor em abril de 2011, o que disparou o fluxo de turistas russos à Turquia, que se transformou em seu segundo destino depois do Egito.