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Exílio cubano acredita que Trump acabará com "concessões" a regime castrista

09/11/2016 16h26

Emilio J. López.

Miami, 9 nov (EFE).- Quatro organizações do exílio cubano em Miami (Flórida) concordaram em afirmar nesta quarta-feira que a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos "freará" as "concessões permanentes" ao governo de Cuba e trará maior "pressão" na defesa das liberdades.

Apesar de entenderem que Trump "não cancelará" muitas das políticas já implementas pelo presidente Barack Obama na relação com a ilha, todas se mostraram de acordo que se produzirá uma crucial virada com um "maior compromisso na defesa dos direitos humanos ".

Trump "não criticou" que Obama tenha restabelecido os laços com Cuba, mas sim que "não tenha alcançado a menor reciprocidade ou que a causa dos direitos humanos na ilha estivesse em primeiro plano na agenda de negociação", declarou à Agência Efe o cubano Ramón Saúl Sánchez, presidente do Movimento Democracia.

Por isso, previu Sánchez, é muito provável que o presidente eleito "não reverta tudo o que fez Obama", mas acabe com a "concessão permanente dos Estados Unidos sem nenhuma reciprocidade" por parte do regime cubano.

Em uma recente reunião em Miami com cubanos anticastristas muito beligerantes, o agora presidente eleito louvou as Damas de Branco e garantiu que ele, se fosse eleito presidente, não fecharia os olhos perante a violação dos direitos humanos como, segundo disse, tinha feito sua rival democrata, Hillary Clinton.

Trump visitou a sede da Brigada 2506, no bairro de Little Havana, onde afirmou que Obama não tinha realizado um bom acordo com Cuba e que Hillary era mais do mesmo, "ou inclusive pior".

Para Antonio Díez Sánchez, secretário-geral do Movimento Cristão de Libertação (MCL), a inesperada vitória de Trump representará um "freio à aproximação" com ilha caribenha enquanto o regime cubano "não der passos rumo à liberdade e reformas políticas".

Sánchez aproveitou para fazer um pedido à nova Administração americana: "que seja solidária com o povo de Cuba em suas reivindicações de liberdade", algo com o que "Obama não cumpriu", opinou.

O Plantados, outro grupo do exílio que expressou sem rodeios em 2014 sua rejeição às "concessões" feitas por Obama ao governo cubano, está convencido que Trump "cumprirá com o que disse na campanha de não aceitar uma política com Cuba" que consista em "entregar tudo sem receber nada".

"Trump exigirá menos violação dos direitos humanos e pressionará mais o regime dos irmãos Castro para que o povo cubano possa viver com mais liberdade", ressaltou Ángel Desfana, diretor do Plantados, um dos grupos que integram a Assembleia da Resistência Cubana.

Este novo enfoque do governo americano é, na opinião de Desfana, muito factível uma vez que os republicanos se apoderaram também da Câmara dos Representantes e do Senado, o que pode cristalizar um "aumento da ajuda aos dissidentes na ilha".

Em sintonia com o sentimento dos ativistas cubanos anteriores, Desfana especificou que a eleição de Trump pode ser positiva para a causa das liberdades em Cuba pela "maior pressão" que o republicano exercerá na "exigência à ditadura de respeito aos direitos humanos e a rumo à liberdade".

"Do que tinha certeza é que com Hillary Clinton não havia remédio, teríamos mais do mesmo de Obama", ou seja, uma "abertura rumo à ditadura cubana sem receber nada em troca".

Nessa mesma linha, Pedro Rodríguez, diretor da Fundação pelos Direitos Humanos em Cuba, defendeu o "fim das concessões sem solidariedade com o povo" cubano e sem que Havana "mostre a menor reciprocidade" em relação aos Estados Unidos.

Da mesma forma que os demais ativistas, Rodríguez duvidou que o magnata imobiliário vá "anular" as políticas implementadas por Obama e afirmou que a vitória de Trump nas eleições de terça-feira "pode ser positiva para as liberdades em Cuba", embora, mais tarde, tenha ressalto que é o governo cubano o que "controla a repressão".

Cuba e Estados Unidos anunciaram no final de 2014 um acordo para normalizar suas relações após meio século de inimizade, que em julho de 2015 deu como resultado a reabertura das respectivas embaixadas em Washington e Havana.

Desde então empresas americanas de diversos setores foram concretizando negócios e abrindo o mercado em Cuba, embora o embargo econômico esteja mantido.