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Netanyahu consolida governo em Israel e reduz onda de violência em 2016

26/12/2016 17h04

Elías L. Benarroch

Jerusalém, 26 dez (EFE).- Israel encerra 2016 dentro de uma estabilidade política e econômica incomum, apesar da frágil maioria parlamentar de Benjamin Netanyahu, que conseguiu um generoso acordo de ajuda com os Estados Unidos e teve que lidar com a maior onda de ataques palestinos da última década.

Ao mesmo tempo em que conseguiu reduzir a violência dos palestinos, particularmente alta entre janeiro e março deste ano, Netanyahu se confirmou como líder indiscutível e fortaleceu seu governo.

Após superar em 18 de novembro o recorde de 2.788 dias consecutivos do fundador do país, David Ben Gurion, como primeiro-ministro, Netanyahu parece mais forte do que nunca no imprevisível cenário político israelense.

Até no partido Lar Judaico as lideranças reconhecem que há uma excelente plataforma para impulsionar sua própria agenda e não vê, portanto, razão para desestabilizar uma coalizão que começou sua caminha após as eleições de março de 2015 com más previsões.

Agora, muitos analistas acreditam que Netanyahu pode encerrar o mandato se não der nenhum passo em falso, sobretudo na questão mais sensível para seu principal aliado, o ministro da Educação, Naftali Benet, do Lar Judaico, que propõe anexar parte da Cisjordânia.

A polêmica lei de regularização retroativa de assentamentos, aprovada há várias semanas em primeiro turno e inconstitucional segundo a Promotoria de Israel, é um exemplo da determinação de Netanyahu de não fazê-lo.

O processo de paz está parado desde 2014, apesar de Netanyahu ter chamado o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para retomá-lo. Ambos se mantêm intransigentes e fazem demandas que o outro não aceita: o primeiro exige o reconhecimento de Israel como estado, e o segundo o fim da colonização.

Com o vazio diplomático criado, 2016 foi testemunha da continuação da onda de violência iniciada em outubro de 2015, que começou a se atenuar em março. Em quase 15 meses, 242 palestinos perderam a vida, dois terços deles em ataques contra israelenses.

Após o famoso fracasso da mediação dos Estados Unidos em 2014, as tentativas da comunidade internacional para reativar o diálogo de paz neste ano vieram da França e do Egito. Uma conferência chegou a ser cogitada para em dezembro, mas o futuro não parece promissor.

Especialmente por causa da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA. O republicano sinaliza que dará apoio incondicional à direita israelense como nunca Obama fez.

"Estou convencido que o presidente eleito e eu continuaremos fortalecendo a exclusiva aliança entre nossos dois países", afirmou Netanyahu após o pleito, mesmo tendo pedido para que seus ministros não comemorassem com entusiasmo excessivo a vitória republicana.

Um pedido feito apenas para não prejudicar o tradicional apoio dos dois partidos norte-americanos a Israel e também em reconhecimento ao pacote de assistência militar que Obama acabava de conceder ao primeiro-ministro israelense.

O pacto, com duração de dez anos, aumenta o auxílio anual recebido por Israel para US$ 3,8 bilhões, o maior já recebido na história. Foi um gesto com o qual Obama quis mostrar seu compromisso com a segurança do aliado e diluir as críticas pelo acordo nuclear firmado com o Irã no ano passado.

Netanyahu queria receber mais de US$ 4 bilhões anuais como "compensação" pelos riscos representados pelo pacto atômico com Teerã, mas não poderá fazê-lo porque Obama condiciona a assistência que no futuro Israel não solicite mais dinheiro do Congresso, como vinha fazendo na última década para todo tipo de projetos de interesse mútuo, entre eles uma escudo antimísseis.

Como fatos que abalaram o predomínio de Netanyahu na política nacional estão as suspeitas contra sua esposa, Sara, por abuso de recursos públicos, um escândalo envolvendo o advogado particular do primeiro-ministro na compra de três submarinos da Alemanha e uma pesquisa que indica que o partido Yesh Atid, liderado pelo ex-jornalista Yair Lapid, incomodará em uma futura eleição.