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Evo Morales pede anulação de certidão de nascimento de suposto filho

28.fev.2016 - Gabriela Zapata Montaño, ex-namorada do presidente Evo Morales, é presa preventivamente - Juan Karita/ AP
28.fev.2016 - Gabriela Zapata Montaño, ex-namorada do presidente Evo Morales, é presa preventivamente Imagem: Juan Karita/ AP

Em La Paz

30/06/2017 18h20

O presidente da Bolívia, Evo Morales, iniciou um processo judicial para anular a certidão de nascimento do suposto filho que teve com sua ex-namorada, Gabriela Zapata, informou nesta sexta-feira (30) o advogado do governante, Ricardo Gastón Velasquez.

O pedido de nulidade da certidão de nascimento tem como sustento a decisão de um juizado da infância que estabeleceu no ano passado que a criança não existe, segundo disse Velasquez à imprensa local.

O advogado indicou que este procedimento é "importante" para o governante "porque existe o papel, mas materialmente o menino não existe, então não há coincidência entre a realidade da existência de um filho com uma certidão de nascimento".

Velasquez acrescentou que espera que o caso seja resolvido em um ou dois meses.

A polêmica sobre o suposto filho começou em fevereiro de 2016, quando um jornalista revelou que Morales e Zapata tiveram uma relação em 2007, da qual nasceu um menino reconhecido legalmente pelo presidente.

A denúncia apontava para um suposto tráfico de influências a favor da empresa chinesa Camce, na qual Zapata trabalhava na época, para beneficiá-la com contratos estatais milionários, algo que o governo sempre rechaçou.

O governante reconheceu que teve uma relação com Zapata e inicialmente disse que tiveram um filho que morreu pouco após nascer, mas em outubro do ano passado declarou que a criança nunca existiu.

Zapata insistiu durante muito tempo que a criança estava viva, ainda que depois tenha declarado que o menino morreu dois anos após ter nascido, como sustentava inicialmente o governante.

A mulher, que está presa desde fevereiro de 2016, foi condenada no último mês de maio a 10 anos de prisão por seis delitos econômicos, ente eles legitimação de lucros ilícitos e uso indevido de bens e serviços públicos.

A ex-namorada do governante foi acusada nesse caso pelo próprio governo de usar para fazer acordos ilegais alguns escritórios do Ministério da Presidência que serviam como escritório da primeira-dama antes que Morales chegasse à presidência.

O presidente boliviano responsabilizou várias vezes esse escândalo sobre Zapata e o suposto filho por sua derrota no referendo de 2016, quando a população rejeitou uma mudança na Constituição para permitir que volte a ser candidato em 2019.

Morales culpou à oposição de ter inventado uma "mentira" para enganar os eleitores e, com esse argumento, ele e seus seguidores consideram que o resultado da consulta não é válido.