Sobem para 6 as mortes em navio de cruzeiro italiano


Em Giglio (Itália)

Por Gavin Jones e Antonio Denti

GIGLIO, Itália, 16 Jan (Reuters) - Equipes de resgate que atuavam no semissubmerso navio italiano Costa Concordia encontraram um sexto corpo nesta segunda-feira, mais de 48 horas depois do naufrágio. Ainda há 16 desaparecidos.

O comandante da embarcação de 114,5 mil toneladas, Francesco Schettino, foi detido no sábado, acusado de homicídio culposo e de abandonar o barco antes que todos os mais de 4.200 ocupantes fossem retirados.

O presidente e CEO da Costa Cruzeiros, Pier Luigi Foschi, atribuiu o acidente a um "erro humano" do comandante Schettino.

"A empresa ficará com o capitão e lhe dará toda a assistência necessária, mas temos de reconhecer os fatos e não podemos negar um erro humano", disse o CEO a repórteres, em uma coletiva de imprensa em Gênova.

"A companhia desaprova o comportamento que causou o acidente, ao decidir desviar o navio de sua rota ideal", afirmou Foschi, garantindo que o navio não tinha qualquer problemas de segurança.

As operações de resgate foram suspensas nesta segunda-feira por tempo indeterminado depois que o navio deslizou da rocha onde estava apoiado, disse um porta-voz dos bombeiros.

"Houve um deslizamento de nove centímetros verticalmente e 1,5 centímetro horizontalmente. Nós saímos imediatamente. Isto é algo com que temos de nos preocupar", afirmou.

Schettino, que trabalha na empresa há quase dez anos e foi promovido a comandante em 2006, disse à TV italiana que as rochas atingidas não estavam marcadas nas cartas náuticas e não foram detectadas pelos sistemas de navegação. Ele acrescentou que o acidente ocorreu a cerca de 300 metros da costa.

O desastre aconteceu quando os passageiros se preparavam para o jantar, na sexta-feira, causando cenas de pânico entre passageiros que se acotovelavam para conseguir coletes salva-vidas, tendo alguns se atirado ao mar gelado.

Mergulhadores à procura de 16 pessoas ainda desaparecidas disseram que as condições pioraram desde o fim de semana.

Um tripulante e um casal sul-coreano em lua de mel foram resgatados com vida no domingo, e mergulhadores da polícia disseram também ter encontrado o corpo de dois idosos, ambos usando coletes salva-vidas. Os corpos de dois turistas franceses e de um tripulante peruano já haviam sido encontrados no sábado.

Um sexto cadáver, de um passageiro adulto, foi achado na madrugada desta segunda-feira, segundo autoridades.

Os passageiros dizem que houve uma inexplicada demora na organização da retirada dos passageiros, e que isso resultou em caos. Mais de 60 pessoas ficaram feridas.

O vasto casco da embarcação de 290 metros, virado de lado, domina agora a paisagem do pequeno porto de Giglio, uma ilha numa reserva marítima na costa da Toscana.

Uma grande fenda pode ser vista no casco, mas especialistas em resgates dizem que os tanques de combustível aparentemente não se romperam, o que reduz o risco de um derramamento de óleo no mar.

O prefeito da cidade de Grosseto, Giuseppe Linardi, disse a jornalistas que há 16 desaparecidos, mas que o número pode mudar, porque as listas de passageiros estão sendo checadas.

Os investigadores já analisam uma espécie de "caixa preta" que existe a bordo, na tentativa de estabelecer a sequência precisa do desastre, ocorrido em uma noite de mar calmo e tempo bom.

A empresa Carnival Corp., dona do navio, estimou que o Costa Concordia deve ficar inoperante durante a maior parte deste ano, ou mais, e que só o prejuízo decorrente do seu não uso será de cerca de 90 milhões de dólares.

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